A pedido do MPPR (Ministério Público do Paraná), foi determinada a prisão preventiva do policial penal federal Jorge José da Rocha Guaranho, investigado pela morte do guarda municipal e tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu (Oeste) Marcelo Arruda, ocorrida no sábado (9). A conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva foi expedida pela Justiça nesta segunda-feira (11) a pedido do Núcleo de Foz do Iguaçu do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), que acompanha as investigações.

A decisão judicial pontua que “o flagrado atua na área de segurança pública – policial penal federal –, o que eleva ainda mais a gravidade do delito considerando que este age (ou deveria agir) em nome do Estado, em prol dos interesses da coletividade. Portanto, a concessão da liberdade, neste momento, geraria sentimento de impunidade, serviria de estímulo à reiteração criminosa e colocaria em risco a sociedade”.

Ao determinar a prisão preventiva do investigado, o Juízo afirmou que “resta evidenciado que o flagrado coloca em risco a ordem social, se revelando necessária a contenção cautelar para evitar a reiteração criminosa, sendo que as peculiaridades do caso concreto apontam ser imperiosa a manutenção da segregação cautelar, pois pelo que consta dos autos o flagrado, aparentemente por motivos de cunho político, praticou atos extremos de violência contra a vítima, que sequer conhecia, tendo invadido a sua festa de aniversário e após uma discussão inicial deixado o local, retornando cerca de dez minutos depois armado, efetuando na presença de diversos convidados os disparos de arma de fogo, em decorrência dos quais a vítima faleceu”.

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De acordo com o promotor de Justiça do Gaeco em Foz do Iguaçu, Tiago Lisboa Mendonça, que concedeu entrevista coletiva nesta manhã, o Gaeco irá acompanhar de perto a investigação da Polícia Civil, como os depoimentos e perícias, em razão da repercussão do caso. "O Ministério Público tem todo o interesse de que sejam apurados os fatos e que o(s) responsável (s) sejam punidos", disse.

CENTRO DAS INVESTIGAÇÕES

A questão central da investigação, segundo o promotor, é descobrir por qual razão o policial penal federal Jorge José da Rocha Guaranho, apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL), esteve no local da festa de aniversário, que tinha como tema o PT (Partido dos Trabalhadores). "Preliminarmente, foi apurado que o agressor exercia uma função em uma associação cuja a sede é nas proximidades da festa. Ainda estamos apurando se, de fato, ele exercia esse cargo e se tinha a incumbência de fazer uma ronda na região, incluindo a tarefa de ir até aquele local específico. Outro pronto importante que precisamos levantar é se era possível ele saber que lá estava sendo realizada a festa com a temática do PT. Esse cidadão envolvido na ocorrência, que é um policial penal federal, tem a preferência política dele, mas deveria ter agido de forma que essa paixão não levasse a cometer uma barbaridade dessa", comentou.

ESTADO GRAVE

A prisão preventiva de Guaranho foi requerida no domingo (10), mas a decisão foi expedida hoje. No fim da tarde de domingo, o Gaeco teve informações de que o estado de saúde dele é grave. "Ele estava na enfermaria, sedado, aguardando uma vaga na UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Hoje (segunda), ainda não tivemos informações sobre o estado de saúde dele. Mesmo nessa atual condição, ele teve a prisão preventiva decretada e continua sob escolta da Polícia Militar. Logo que ele se reestabeleça, será ouvido", afirma.

AGRESSÕES

Imagens das câmeras de vídeo mostram três homens agredindo Guaranho, já ferido, com chutes na região da cabeça. Segundo o promotor, será instaurado um inquérito policial à parte, para apurar as agressões sofridas pelo policial. "Um dos homens está identificado pela delegacia e outros ainda não, mas o próprio boletim de ocorrência indica várias testemunhas. Serão todas ouvidas presenciais. Vamos identificar essas outras duas pessoas e elas serão investigadas por esses chutes. Não temos ainda o laudo oficial que indica se as lesões são decorrentes dos chutes, muitos na cabeça, ou dos disparos. O que se tem informação até agora é que Guaranho teve um trauma na cabeça", completou. As armas utilizadas por Guaranho e Arruda são institucionais. (Com informações do MPPR)

O acompanhamento do Gaeco de Foz do Iguaçu, nas investigações do crime de homicídio foi determinada pelo procurador-geral de Justiça, Gilberto Giacoia.

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