Bolsonaro pede acesso a depoimentos dos ex-comandantes
Defesa de ex-presidente afirma ser "imperioso" ter acesso ao conteúdo das audiências dos ex-chefes do Exército e da Aeronáutica
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quarta-feira, 06 de março de 2024
Defesa de ex-presidente afirma ser "imperioso" ter acesso ao conteúdo das audiências dos ex-chefes do Exército e da Aeronáutica
Caíque Alencar Folhapress
São Paulo - A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) acesso aos depoimento dos ex-comandantes do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, e da Aeronáutica, Carlos Baptista Júnior.
Os advogados dizem que é "imperioso" que a defesa tenha acesso ao conteúdo das audiências. "Diante do significativo progresso nas investigações, notadamente com a obtenção de depoimentos cruciais ocorridos nas últimas duas semanas, requer-se a atualização dos autos com a juntada dos termos de declarações relativos às últimas oitivas realizadas", afirma a defesa.
No STF, a avaliação é de que o depoimento de Freire Gomes complica Bolsonaro. Segundo o colunista do UOL Josias de Souza, um ministro da Suprema Corte disse que o ex-chefe do Exército relatou foi "é melhor e mais valioso do que uma delação, porque contém revelações de uma testemunha, não de um criminoso à procura de benefício judicial".
Para esse ministro, o resultado da audiência "consolidou o quadro probatório". O integrante do STF, que acompanha as investigações de perto, disse ainda que as informações prestadas por Freire Gomes deram "consistência" a provas que já eram "sólidas".
Ex-chefe do Exército disse que Bolsonaro convocou reunião para discutir proposta golpista. Segundo a Folha de S.Paulo, o plano incluía uma minuta para reverter a eleição de Lula. Freire Gomes também teria citado o ex-presidente como o responsável pela manutenção dos acampamentos golpistas em Brasília.
Além dos ex-comandantes, prestaram depoimento dezenas de investigados, incluindo militares que foram ministros no governo Bolsonaro.
O próprio Bolsonaro compareceu à PF para depor, mas exerceu o direito de ficar calado. A mesma atitude tiveram outros investigados, como o ex-ministro da Defesa, Walter Braga Netto.
Os ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica prestaram depoimento entre o fim de fevereiro e o início de março e foram ouvidos na condição de testemunhas. Até o momento a PF não os implicou na trama golpista.
O depoimento de Freire Gomes durou cerca de oito horas e permanece sob sigilo, sendo tido como um dos mais cruciais para desvendar o planejamento de um golpe de Estado.
As falas do ex-comandante do Exército seguem sob sigilo. Segundo as informações disponíveis, Freire Gomes se defendeu afirmando ter resistido à trama golpista e implicando Bolsonaro no planejamento de uma minuta de decreto sobre o golpe. (Com Agência Brasil)