São Paulo - A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) acesso aos depoimento dos ex-comandantes do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, e da Aeronáutica, Carlos Baptista Júnior.

Os advogados dizem que é "imperioso" que a defesa tenha acesso ao conteúdo das audiências. "Diante do significativo progresso nas investigações, notadamente com a obtenção de depoimentos cruciais ocorridos nas últimas duas semanas, requer-se a atualização dos autos com a juntada dos termos de declarações relativos às últimas oitivas realizadas", afirma a defesa.

No STF, a avaliação é de que o depoimento de Freire Gomes complica Bolsonaro. Segundo o colunista do UOL Josias de Souza, um ministro da Suprema Corte disse que o ex-chefe do Exército relatou foi "é melhor e mais valioso do que uma delação, porque contém revelações de uma testemunha, não de um criminoso à procura de benefício judicial".

Para esse ministro, o resultado da audiência "consolidou o quadro probatório". O integrante do STF, que acompanha as investigações de perto, disse ainda que as informações prestadas por Freire Gomes deram "consistência" a provas que já eram "sólidas".

Ex-chefe do Exército disse que Bolsonaro convocou reunião para discutir proposta golpista. Segundo a Folha de S.Paulo, o plano incluía uma minuta para reverter a eleição de Lula. Freire Gomes também teria citado o ex-presidente como o responsável pela manutenção dos acampamentos golpistas em Brasília.

Além dos ex-comandantes, prestaram depoimento dezenas de investigados, incluindo militares que foram ministros no governo Bolsonaro.

O próprio Bolsonaro compareceu à PF para depor, mas exerceu o direito de ficar calado. A mesma atitude tiveram outros investigados, como o ex-ministro da Defesa, Walter Braga Netto.

Os ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica prestaram depoimento entre o fim de fevereiro e o início de março e foram ouvidos na condição de testemunhas. Até o momento a PF não os implicou na trama golpista.

O depoimento de Freire Gomes durou cerca de oito horas e permanece sob sigilo, sendo tido como um dos mais cruciais para desvendar o planejamento de um golpe de Estado.

As falas do ex-comandante do Exército seguem sob sigilo. Segundo as informações disponíveis, Freire Gomes se defendeu afirmando ter resistido à trama golpista e implicando Bolsonaro no planejamento de uma minuta de decreto sobre o golpe. (Com Agência Brasil)

Depoimento do general Freire Gomes implica Jair Bolsonaro no plano golpista que incluía minuta para reverter eleição de Lula
Depoimento do general Freire Gomes implica Jair Bolsonaro no plano golpista que incluía minuta para reverter eleição de Lula | Foto: Valter Campanato/Agência Brasil