São Paulo - O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) apresentou no final desta semana ao STF (Supremo Tribunal Federal) os extratos bancários do período em que foi presidente, confirmou à reportagem Fabio Wajngarten, seu advogado e ex-ministro das Comunicações. A decisão de enviar voluntariamente os extratos ocorre uma semana depois da quebra de seu sigilo bancário autorizada pelo STF na investigação sobre o recebimento e venda de joias.

A defesa do ex-presidente apresentou ao ministro Alexandre de Moraes uma petição em que afirma apresentar os documentos "de forma espontânea" a fim de evitar a movimentação da máquina pública para apurar os dados bancários de Bolsonaro. A informação foi antecipada pela GloboNews.

Para evitar vazamentos, os advogados também pedem que Moraes decrete sigilo sobre o processo. "Não obstante, informa que está à disposição da Justiça para quaisquer esclarecimentos acerca de sua movimentação bancária", diz a petição, segundo confirmou Wajngarten.

Autorizada pelo STF no dia 17 de agosto, a quebra de sigilo também inclui a conta bancária da ex-primeira-dama Michele Bolsonaro, mas esses documentos não foram entregues neste momento. De acordo com a defesa, os maiores gastos se referem a vendas de um carro e de uma moto aquática, além do ressarcimento de despesas médicas.

APURAÇÃO

Moraes determinou a quebra dos sigilos bancário e fiscal do ex-presidente Jair Bolsonaro e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro em 17 de agosto. O objetivo da decisão é saber se o dinheiro da venda das joias chegou ao ex-presidente. A medida foi solicitada após uma operação da PF no último dia 11, que mirou um suposto esquema de desvio e venda no exterior dos bens dados de presente à Presidência da República em missões oficiais — como os conjuntos de joias recebidos da Arábia Saudita.

As suspeitas da PF apontam que os recursos gerados com as venda dos bens eram repassados a Bolsonaro em dinheiro vivo. Outros indícios da participação do ex-presidente se deve ao fato de as joias serem levadas ao exterior durante viagens presidenciais em aviões da FAB.

"Os valores obtidos dessas vendas eram convertidos em dinheiro em espécie e ingressavam no patrimônio pessoal do ex-presidente da República, por meio de pessoas interpostas e sem utilizar o sistema bancário formal, com o objetivo de ocultar a origem, localização e propriedade dos valores", diz a manifestação da PF ao STF.

Após a operação da PF, a defesa de Bolsonaro afirmou o seguinte na semana passada:

"A defesa do Presidente Jair Bolsonaro voluntariamente, e sem que houvesse sido instada, peticionou junto ao TCU — ainda em meados de março, p.p. —, requerendo o depósito dos itens naquela Corte, até final decisão sobre seu tratamento, o que de fato foi feito."

"O presidente Bolsonaro reitera que jamais apropriou-se ou desviou quaisquer bens públicos, colocando à disposição do Poder Judiciário sua movimentação bancária."