Além dos 12 vereadores de Londrina que são pré-candidatos a deputado nas eleições de outubro, no primeiro escalão do governo Belinati também há interessados em deixar os cargos para poder entrar na disputa por uma cadeira na Assembleia Legislativa ou na Câmara de Deputados. O secretario municipal de Governo, Alex Canziani (PSD), já anunciou que é pré-candidato a deputado estadual, e o presidente da Codel (Instituto de Desenvolvimento de Londrina), Bruno Ubiratan (PP), também disse que tem pretensão em sair candidato a deputado federal. Há nomes, como do secretário municipal de Planejamento, Marcelo Canhada, e do secretário de Saúde, Felippe Machado, que são cotados, mas eles negam ou despistam quando questionados sobre a hipótese neste momento.

O diretor-presidente da Codel, Bruno Ubiratan (PP), se diz à disposição do partido para eventual candidatura a deputado
O diretor-presidente da Codel, Bruno Ubiratan (PP), se diz à disposição do partido para eventual candidatura a deputado | Foto: Vivian Honorato/N.com

Como alguns vereadores que são aliados do prefeito, os membros do primeiro escalão da prefeitura pretendem surfar na onda da popularidade de Marcelo Belinati (PP), que chegou a 65% de aprovação na pesquisa do Instituto Multicultural divulgada em dezembro do ano passado.

Cinco vezes eleito deputado federal, o único que não precisaria, necessariamente, do aval de Belinati é Canziani. Já os demais não devem abrir mão do apoio político do prefeito de Londrina para dar visibilidade à campanha. É o caso de Bruno Ubiratan, que já disse estar à disposição do grupo político para disputar uma vaga no Congresso. "Se for para o bem do grupo e vontade do prefeito Marcelo, estarei à disposição." O presidente da Codel disse acreditar que o período de quatro anos à frente do órgão foi importante para ganhar experiência nesta articulação com o setor produtivo de Londrina. "Nestes quatro anos consegui essa bagagem para entender o que nossa região precisa, como obras de infraestrutura para trazer mais investimentos. Sabemos que os recursos destinados para Londrina precisam ser maiores."

VISIBILIDADE

Interlocutores do governo apontam que Marcelo Canhada e Felippe Machado podem ser candidatos diante da visibilidade que ganharam nos cargos que ocupam. Os dois são secretários que mais concedem entrevistas e aparecem na redes sociais da prefeitura. O primeiro tem sido o porta-voz do governo municipal em assuntos ligados às obras publicas. Já Machado concentra desde o início da pandemia todas entrevistas da pasta.

Imagem ilustrativa da imagem Belinati poderá "perder" até quatro secretários por causa das eleições
| Foto: Vivian Honorato/n.com

Canhada não cravou à FOLHA se sairá candidato a deputado estadual ou federal. "Lá em março a gente vai sentar e avaliar quem pode ser o candidato da administração. Sou candidato a ser um bom secretário. Só vou decidir ser candidato quando estiver próximo do período. Neste momento não temos condição de pensar nisso porque neste segundo mandato temos ainda muitas obras e desafios pela frente. Eu neste momento nem estou filiado a partido. Neste momento não há espaço para isso", despistou. Já Felippe Machado não se manifestou sobre o assunto e desconversou quando questionado pela reportagem a respeito da possibilidade.

Caso decidam por sair candidatos, os secretários e membros que ocupam cargos públicos precisam desincompatibilizar do cargo até o dia 2 de abril, que é o período de seis meses antes do primeiro turno em outubro, como exige a legislação para todos em cargos no Executivo.

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professor vê dificuldade em prefeito transferir votos

Para o professor de ética e filosofia política da UEL (Universidade Estadual de Londrina) Elve Cenci, é muito difícil que o prefeito Marcelo Belinati consiga transferir votos para candidatos em eleições proporcionais para deputado, por exemplo. "Esses nomes da administração municipal, apesar de estarem toda semana na mídia com certa visibilidade, ainda são um paradoxo. Na prática, se você perguntar nas ruas para as pessoas, são pouco conhecidos. Talvez a pessoa tenha uma memória sobre a secretaria, mas não sobre a pessoa do secretário. Dificilmente isso se transfere em votos para uma eleição como essa."

O analista político lembra que um candidato a deputado precisa ter votos não só em Londrina como em toda a região para dar corpo à sua campanha. "Um candidato precisa de no mínimo uns 30 mil votos para se eleger deputado estadual. Os candidatos precisarão buscar votos fora para atingir o objetivo eleitoral. Historicamente para Câmara de Deputados, principalmente ex-deputados como Alex Canziani e André Vargas, buscaram muitos votos fora da cidade."

vereadores

Sobre o levantamento feito pela FOLHA que mostrou que 12 dos 19 vereadores podem sair candidatos a deputado estadual ou federal em outubro, o professor analisa que a estratégia de lançar muitos candidatos novamente poderá afetar a representatividade londrinense no Legislativo. "Os vereadores repetem uma estratégia equivocada de pleitos anteriores. Isso porque muitos fazem uma quantidade irrisória de votos, que acabam sendo diluídos. Muitos se lançam candidato como estratégia de ganhar visibilidade, o que torna a candidatura apenas uma pré-campanha para a reeleição de vereador, que é daqui a dois anos. O que acontece é que são candidatos sem chance de elegibilidade e minamos nossa representatividade. Como de praxe, apesar de segundo maior município, elegemos poucos deputados, o que reflete nossa representatividade no Estado e em Brasília. Com essa estratégia, perdemos força política", conclui Cenci.

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