A tentativa de ser novamente instituída uma Frente Parlamentar do Pedágio na Assembleia Legislativa (AL) do Paraná não deve seguir adiante. Porém, o debate sobre a concessão de corredores relevantes da malha viária do estado para a iniciativa privada não está enterrado. O tema será tratado em um grupo de trabalho a ser formado dentro da Comissão de Obras Públicas, Transporte e Comunicação da Casa.

A decisão coube ao próprio presidente do colegiado permanente — e aliado de Ratinho Junior —, Gugu Bueno (PSD). “Opina-se pela não autorização de continuidade da tramitação das frentes parlamentares, ante a existência de conflito de competências entre o seu objeto e as atribuições desta comissão”, escreveu o parlamentar em parecer divulgado na segunda-feira (3).

A medida pode ter dado fim a um duelo de mais de dois meses entre deputados estaduais da base do governador e membros da oposição ao Executivo. Esses últimos representados por Arilson Chiorato (PT), que encabeçava um pedido de reinstalação da frente coordenada por ele na legislatura anterior. Entretanto, Delegado Jacovós (PL), também aliado de Ratinho Jr., protocolou reivindicação semelhante.

A posição de Bueno não agradou a Chiorato, que votou contra o relatório e pediu que a palavra final parta de outra esfera. “Em duas situações [2016 e 2019] em que foram criadas frentes parlamentares para debaterem pedágio, não houve impedimento por causa da Comissão de Obras. O requerimento de criação da frente parlamentar deve ser analisado pela presidência, de acordo com o regimento interno e com a resolução que criou estas associações de natureza suprapartidárias”, declarou o petista por meio de sua assessoria de imprensa.

Sem ‘questão partidária’

Jacovós, por sua vez, disse que a decisão é válida. “Essa subcomissão deve acompanhar esses processos dos novos contratos, e nós temos de deixar de lado a questão ideológica e partidária, se é a esquerda, a direita”, defendeu.

O grupo de trabalho, que ainda não foi constituído, será formado por membros da própria Comissão de Obras Públicas. A previsão é que o assunto seja pautado na próxima reunião do colegiado. “Temos ali importantes deputados que têm cabedal para discutir essa questão do pedágio, caso do deputado [Luiz Claudio] Romanelli [PSD], do próprio deputado Arilson”, comentou Jacovós.

“O que não aceitamos mais é pedágio caro e sem obras. Queremos um pedágio que a população tenha condições de pagar e com a realização de obras”, afirmou o parlamentar. Esse também foi o tom adotado pelo governador ao abordar a questão em visita a Londrina no último dia 24. “Nós não queremos um modelo de concessão que não tenha obras”, afirmou Ratinho Junior na ocasião.

Definição próxima, diz Ratinho

Durante a agenda em março na cidade, o mandatário estadual estimou que uma definição quanto ao modelo de pedágio está “muito próxima”. Ratinho Jr. apontou que as tratativas do Paraná com o governo federal — por meio do Ministério dos Transportes — encontram-se “quase apaziguadas”, com perspectivas de o martelo ser batido agora em abril.