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Política 5m de leitura

Auditores fiscais negam crimes na Receita Estadual

ATUALIZAÇÃO
29 de outubro de 2018

Guilherme Marconi Reportagem Local
AUTOR

Diante do juiz da 3ª Vara Criminal de Londrina, Juliano Nanuncio, seis réus negaram as acusações de corrupção passiva tributária e concussão no âmbito da Operação Publicano 2 em audiência realizada nesta segunda-feira (29). Trata-se do maior processo no qual o MP (Ministério Público) denunciou a existência de uma organização criminosa encrustada na Receita Estadual do Paraná. Ou seja, auditores fiscais cobrariam propina para permitir que empresários sonegassem tributos estaduais.

Entre os principais réus, estão o ex-delegado do fisco em Londrina, José Luiz Favoretto, a auditora fiscal Ana Paula Pelizzari Marques de Lima, e o auditor fiscal Milton Antonio de Oliveira Digiácomo. Os três estavam na cúpula do esquema e já foram condenados pelo magistrado em outros processos da Publicano. Favoretto foi condenado a 37 anos de prisão na Publicano 1. Ana Paula, esposa do ex-inspetor geral Marcio Albuquerque de Lima, foi condenada a 76 anos. Já Digiácomo tem três condenações em primeira instância. Todos recorrem ao TJ (Tribunal de Justiça) em liberdade, mas estão afastados das funções no órgão fazendário.

O depoimento mais longo foi de Favoretto, que tentou desqualificar as provas levantadas pelo Ministério Público e a delação do ex-auditor Luiz Antonio de Souza. "Alguém manipulou meu notebook antes da perícia", disse ao juiz. O ex-delegado do fisco também insinuou que promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) teriam coagido empresários a testemunhar contra os auditores. "Tem gente que falava amém e o promotor escrevia o pai nosso inteiro (no acordo de colaboração)", disse. Favoretto só respondeu às perguntas do magistrado, mas a defesa o orientou a não responder perguntas do Ministério Público.

Além da cúpula da Receita, o juiz ouviu os auditores Marcos de Souza e Antônio Aparecido de Hércules, que faziam fiscalização volante em empresas da região de Londrina, entre elas indústrias de móveis de Arapongas. Ambos negaram qualquer recebimento de vantagem e disseram que desconheciam a existência de qualquer tipo de esquema de corrupção na Receita Estadual. A FOLHA não conseguiu ouvir o promotor Leandro Antunes até o fechamento desta edição.

PROCESSO GIGANTE
A segunda fase da operação foi deflagrada no dia 10 de junho de 2015 em dez cidades do Paraná. Mais de 50 pessoas foram presas, e 63 mandados de prisão foram expedidos à época. Pelo tamanho do processo - 125 réus e dezenas de testemunhas -, as audiências estão sendo realizadas no Tribunal do Júri do Fórum de Londrina desde o dia 29 de agosto e terminam na quarta-feira (31) com depoimento de Albuquerque Lima. O processo chegou a ficar parado e ser remetido ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) por entendimento que envolveria políticos com foro privilegiado. Mas em fevereiro de 2015, a investigação voltou para as mãos de Nanuncio. Ao todo são narrados 124 fatos criminosos como corrupção, concussão, corrupção ativa e passiva.

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