Diferente das primeiras informações divulgadas a respeito do crime em Foz do Iguaçu (Oeste), a Sesp (Secretaria da Segurança Pública do Paraná) afirmou horas depois, que o policial penal federal Jorge Jose da Rocha Guaranho está vivo, internado em estado grave. Ele trocou tiros com o guarda municipal Marcelo Aloizio de Arruda, que não resistiu aos ferimentos e faleceu. O crime ocorreu na madrugada deste domingo (10), nas dependências da Aresf (Associação Esportiva Saúde Física Itaipu).

A delegada da Polícia Civil em Foz do Iguaçu, Iane Cardoso, concedeu uma entrevista coletiva, em que afirmou que quando os policias civis chegaram no local da festa, os dois homens já haviam sido atendidos e levados ao hospital. "A informação que temos é que o agente penal não veio a óbito. De acordo com a esposa dele, ele está internado em estado estável, mas foi autuado em flagrante e esta sendo custodiado pela PM enquanto recebe auxílio médico", diz.

O crime aconteceu durante a festa de aniversário de 50 anos de Arruda, tesoureiro do PT (Partido dos Trabalhadores). A festa era temática pró PT. Consta no Boletim de Ocorrência que testemunhas disseram que Guaranho teria parado em frente à festa, descido do veículo com a arma de fogo em mãos, gritando "Aqui é Bolsonaro" e que cerca de 20 minutos depois retornou ao local sozinho e armado. Guaranho teria disparado os primeiros tiros que atingiram Arruda, que conseguiu revidar disparando contra o agressor.

As imagens de câmeras de monitoramento mostram que o agente penal teria chegado na festa por volta das 23h30. "A informação que levantamos foi que estava ocorrendo uma festa temática do guarda municipal, com o tema do Partido dos Trabalhadores e, que em determinado momento chegou ao local um indivíduo em um veículo branco. De acordo com informações que levantamos, esse indivíduo estava ouvindo uma música que remetia ao Bolsonaro e o aniversariante pediu para ele se retirar. Quando estava indo embora, proferiu algumas palavras e o guarda municipal não teria gostado, pegando alguns pedregulhos e arremessando contra o motorista, que saiu do local dizendo que iria voltar. Quando ele retornou, aconteceu toda a tragédia", detalhou.

A delegada frisou que a verdadeira motivação do crime está sendo investigada. "O que estão divulgando é que houve um conflito político. Neste momento, preferimos investigar para informar a real motivação, o que foi que levou o agente penal a ir até o local onde estava ocorrendo a festa e porquê ele estava ouvindo músicas que remetiam ao Bolsonaro", comentou.

A partir desta segunda-feira (11), a Polícia Civil irá ouvir a esposa de Arruda e a esposa do Guaranho, além de todos os convidados. "Até o momento, conseguimos falar apenas com um dos convidados porque os demais tinham feito uso de bebida alcóolica e não conseguiam dar um depoimento concreto. Também vamos apurar a informação de que o agente penal seria diretor no local onde foi realizada a festa", afirmou. As câmeras também registraram uma mulher tentando impedir Guaranho. Trata-se da esposa de Arruda, que é policial civil.

Leia também: 'Esse louco chegou atirando', diz mulher de petista morto por bolsonarista

NOTA DE PESAR

Nas redes sociais, a Prefeitura de Foz do Iguaçu emitiu uma nota de pesar pelo falecimento do guarda municipal. Arruda era da primeira turma da Guarda Municipal e estava na corporação há 28 anos. Ele também era diretor da executiva do Sismufi (Sindicato dos Servidores Municipais de Foz do Iguaçu).

“Agradecemos ao Marcelo Arruda por toda a sua dedicação e comprometimento com o Município, o qual nestes 28 anos de funcionalismo público defendeu bravamente, tanto atuando na segurança como na defesa dos servidores municipais", expressou o prefeito Chico Brasileiro. O guarda municipal deixa esposa e quatro filhos. O sepultamento está marcado para a segunda-feira (11), no cemitério Jd. São Paulo.

A diretoria do Sismufi também publicou uma nota de pesar nas redes sociais. “Arruda era um lutador incansável pelas causas dos servidores municipais, para ele não tinha tempo ruim, sempre disposto e aguerrido nas lutas pelos direitos dos trabalhadores. Fica uma lacuna de um grande homem na luta sindical”, diz o texto.

A reportagem buscou contato com o Ministério da Justiça e Segurança Pública para um pronunciamento do Depen (Departamento Penitenciário Nacional) a respeito do envolvimento de Guaranho no crime, mas não houve retorno.

Receba nossas notícias direto no seu celular! Envie também suas fotos para a seção 'A cidade fala'. Adicione o WhatsApp da FOLHA por meio do número (43) 99869-0068 ou pelo link wa.me/message/6WMTNSJARGMLL1.