Dá tristeza ver pessoas letradas, instruídas, cultas, que a vida toda foram vacinadas e que vacinaram seus filhos e netos, duvidando agora de vacinas, dando crédito a “sites” de extrema-direita até expulsos das redes sociais, como o ZeroHedge.

Pior: recusam-se a usar a razão, fundamento pelo qual a humanidade evoluiu e se distingue da criação irracional.

Vamos pensar um segundo só: se até um dos ídolos da extrema direita, se não o maior, Trump, vacinou-se, revelando e aconselhando isso publicamente, como pode haver plausibilidade no ataque às vacinas?

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Se, no Brasil, morriam até 4.000 brasileiros por dia, antes da vacina, e agora morrem menos de 100, como vituperar as vacinas?

Também dá tristeza lembrar que mentiras oficiais e ignorância popular mantiveram no poder déspotas sanguinários como Stalin, Hitler, Trujillo, Somoza, Castro, para ficar apenas em alguns que causaram milhões de mortes, e mais tristeza dá ver que o processo de negacionismo atual lembra muito essas ditaduras.

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Meio século depois de terminada a carnificina da II Guerra Mundial, havia alemães que não acreditavam nas atrocidades de Hitler, assim como 33 anos após a queda do Muro de Berlim há quem reverencie o criminoso de guerra Putin, hoje ícone dessa extrema direita capaz de levar países e o mundo a novo cataclisma...

As pessoas que desacreditam por desacreditar de centenas de órgãos sérios, como a OMS, e de milhões de pesquisadores e médicos, para dar crédito a algum maluco ou a alguém que está ganhando ou dinheiro ou poder com a desinformação, deveriam refletir por mais um segundo: os laboratórios das vacinas contra Covid são os mesmos que, há décadas, nos salvam da poliomielite, do sarampo, da tuberculose, da pneumonia, da febre amarela e das gripes com.., vacinas, cuja eficácia nunca foi questionada, porque a visão da saúde ainda não estava politizada como agora pelos negacionistas.

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Dá ainda mais tristeza pensar que, uma vez que as pessoas não acreditam na razão e na ciência, ficarão vulneráveis a acreditar em qualquer coisa e em qualquer credo, e assim apoiarão como autômatos qualquer um que lhes suprima primeiro a liberdade, depois seus bens e valores e, finalmente, suas vidas.

Ricardo Sampaio é juiz aposentado

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