Hoje. Basta que alguém faça algo muito errado, leia-se ato ilícito ou imoral, para que uma patrulha de pessoas corra atrás de informações em todos os meios de pesquisa sobre a biografia do seu autor ou autora. Não deveria ser assim, mas a real intenção, antes de tudo, é saber quem o indivíduo que errou apoia politicamente e, não para ter aversão ao ato praticado propriamente. Como se o resultado fosse irrelevante.

Entendamos. Por trás desta pesquisa, há o desígnio de inserir em uma breve postagem nas redes sociais o comentário da moda: "não falha nunca", disparar críticas em direção ao espectro político “inimigo”. Caminhamos rumo ao colapso em termos de interação humana. A tecnologia propiciou a conexão instantânea entre aparelhos eletrônicos, mas desconectou os seres humanos.

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A impressão que fica é de que as pessoas teimam em acreditar em seus ídolos políticos mesmo diante de falas absurdas e contraditórias, bem como diante de descobertas terríveis, apenas para continuarem tendo motivos para odiar o outro grupo. E, certamente como evasão pessoal: ao encenar na mente a guerra política e ideológica como uma preocupação, evitam se deparar com sua própria realidade.

É correto, bastante verdadeiro, afirmar que se trata do famoso viés da confirmação do ego. Perdemos o poder de indignação quando primeiro avaliamos em quem o outro declarou apoio político, para só assim criticar o adversário ou, caso for do mesmo grupo, fingir que não entendemos.

Estamos enrijecendo a mente humana. Poucos conseguem ler textos com imparcialidade e, após o término da leitura, apresentar dúvidas ou extrair conclusões. Antes de começar a leitura a cabeça fechada forçamos a mente a se encaixar em padrões preestabelecidos. Convertemos qualquer assunto no que acreditamos.

É preciso união para recuperar o centro

Há uma confusão em ser rígido com valores e princípios com apenas ter o ego lustrado. Por exemplo, quando um político, um religioso ou celebridade diz uma coisa diante das câmeras, mas nitidamente faz outras na vida pessoal. Devemos ter a humildade de analisar a situação e ver, se assim for o caso, que erramos em confiar na aludida pessoa.

Nesta toada republicana, foi tudo um sonho... A democracia vem aos poucos desmoronando com todo este enredo. A democracia é o Norte para resolver as dificuldades públicas e impasses políticos é um grande erro, a democracia é apenas uma estrada onde as nossas decisões é que apontam a direção.

Pode-se dizer que estamos no ápice da ignorância humana e não podemos culpar determinado político ou qualquer influenciador digital da moda. Eles aprenderam apenas a manipular o ódio. Quem cria os sentimentos somos nós.

Não somos máquinas processadores de informações, mas seres humanos movidos por sentimentos. No futuro, não vamos ter nostalgias de hoje. Ninguém se lembra com saudades de brigas, intrigas e atritos. Para termos a sensação de nostalgia se impõe momentos leves e felizes, o inverso do que temos hodiernamente.

Ronan Wielewski Botelho, filósofo, Londrina

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