Basta uma volta pelo centro de Londrina para constatar o agravamento de diversos problemas, que vão do consumo e tráfico de drogas à venda de outros produtos ilegais, cada vez maior, configurando o uso irregular do espaço público e, principalmente, gerando insegurança e depredação.

O cenário é triste. Pessoas dormindo pelo chão, debaixo de marquises ou ao relento. Aumentaram os arrombamentos de lojas, casos de vandalismo, roubos de lixeiras, vasos e, principalmente, de fiação, deixando os resquícios pendurados perigosamente pelos postes, interrompendo serviços de luz e internet. Ambulantes ilegais se estabeleceram de tal forma que encobrem as lojas legalizadas, dificultando o acesso do cliente. Os moradores têm medo de andar pelas ruas à noite.

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Outras cidades já passaram por realidade semelhante, resultando no completo abandono de centros históricos. Algumas conseguiram reverter este processo de decadência, valorizando o centro e reaproximando os moradores de lugares tradicionais, despertando a autoestima.

A situação enfrentada por Londrina não é apenas um problema de segurança, mas uma questão bem mais ampla, que envolve ações sociais e o trabalho em conjunto entre poder público e iniciativa privada. As forças de segurança não podem resolver situações que estão fora do seu campo de atuação, como encaminhar dependentes químicos ou abrigar pessoas em situação de rua.

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As entidades do setor produtivo já se reuniram com a Prefeitura em busca de soluções. Sugestões e propostas foram apresentadas, e até se cogitou a formação de uma força tarefa, sem apelar para medidas traumáticas ou violentas. Existe a expectativa de maior empenho do poder público. Os encontros tornaram-se um ciclo em que uma reunião serve apenas para marcar outra, sem avanços.

Há disposição das forças de segurança, dos empresários e das entidades do setor produtivo para unirem-se em prol da cidade. Mas é preciso que o poder público participe efetivamente para ajudar pessoas que estão sofrendo e, ao mesmo tempo, salvar o coração de Londrina.

É preciso força de vontade e um planejamento sério e específico de ações que devem extrapolar a reforma do ambiente físico para despertar novamente o pertencimento e a vontade de usufruir o espaço público amplo, histórico e sentimental que a cidade dispõe. Londrina merece um centro dinâmico, acolhedor, vivo e atraente. Precisamos lutar por ele.

Marcia Manfrin, presidente da ACIL.

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