A tradicional festa de Corpus Christi, em 2022 celebrada no dia 16 de junho, é o único momento em que o verdadeiro Corpo de Cristo, a Eucaristia, deixa o tabernáculo, deixa o sacrário, para ganhar as ruas. Mais que isso, esse gesto simbólico tem um significado profundo: Deus não está apenas para aqueles que vão à igreja ou ao templo, rezar. Mas, ao contrário, o Filho de Deus vai ao encontro de todos aqueles que não podem visita-lo ou que não têm o hábito de frequentar a igreja. Deus se faz presente também para aqueles que não creem Nele. Deus é amor para todos.

De modo especial, neste Corpus Christi, o Santuário de Nossa Senhora Aparecida, que celebra o Ano Jubilar – Jubileu de Platina (70 anos como paróquia) e Jubileu de Prata (25 anos como Santuário) – quer abençoar todo o bairro da Vila Nova, um dos mais antigos e mais tradicionais da cidade. Num gesto simbólico, nossa procissão de Corpus Christi percorrerá alguns trechos das principais avenidas e ruas, abençoando o trânsito, o comércio, as pessoas e as suas famílias. Afinal, é ali que residem famílias pioneiras da cidade, que vieram para o Norte do Paraná ajudar a construí-lo.

Por isso, o Corpo de Cristo vai ao encontro dessas pessoas e, nelas, vai ao encontro da cidade toda. Com a procissão de Corpus Christi, testemunha-se a real presença de Cristo na Eucaristia. Tal qual ocorreu em Bolsena (Itália), por volta de 1264, quando um sacerdote, ao celebrar a missa, testemunhou a hóstia sangrar e manchar o corporal. Depois disso, o então papa Urbano IV determinou que os objetos milagrosos fossem levados a Orvieto, uma cidade próxima, onde ele estava. E, assim, surgiu a grande procissão que marca essa festividade tão enraizada na fé cristã.

É tempo de ir às ruas, de enfeitar as avenidas, de confeccionar os mais lindos tapetes para a passagem do Corpo de Cristo. Mas, sobretudo, é tempo de solidariedade. Afinal, nunca antes passamos por tamanha crise humanitária, com o aumento da população em situação de rua. É tempo de ir ao encontro dessas pessoas, de acolher, de alimentá-las, de cobri-las do frio. O Corpus Christi só faz sentido quando voltamos nosso olhar para as mazelas e dificuldades pelas quais estão passando a sociedade brasileira. O Corpo de Cristo não é indiferente ao ser humano, ao outro, ao nosso próximo.

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Queremos, nesta data, abençoar os que mais precisam e necessitam. Os últimos dois anos de pandemia da Covid-19 foram difíceis para todos nós, inclusive porque não pudemos realizar com plenitude as festividades eclesiais. Mas, as consequências estão sendo ainda mais devastadoras para os mais pobres. E é nosso papel ajudar e contribuir. Ainda mais o Santuário dedicado à mãe de Cristo, uma igreja que é a verdadeira Casa da Mãe, Aparecida e padroeira desse nosso Brasil.

E, do mesmo jeito que Nossa Senhora Aparecida apareceu aos mais pobres, aos excluídos, aos marginalizados da sociedade, nós também queremos ir ao encontro dessas pessoas. Em nossa procissão, estamos pedindo a doação de alimentos não perecíveis, de litros de leite, de agasalhos e roupas, de tudo aquilo que for possível e importante para destinarmos aos projetos sociais parceiros do Santuário, a fim de que possam fazer chegar aos mais necessitados. O Corpo de Cristo é alimento espiritual para nós, cristãos, mas, também o deve ser para saciar a fome e a sede deste nosso corpo material.

Assim, queremos convidar a cidade toda, através da amplitude da voz ecoada por este veículo de comunicação, a vir às ruas conosco, a participar da procissão de Corpus Christi, a trazer a sua doação aqui no Santuário. Vamos, juntos, arregaçar nossas mangas e ir para as ruas ao encontro do outro, ao encontro do amor de Deus!


Rodolfo Trilstz é pároco e reitor do Santuário de Nossa Senhora Aparecida

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