Imagem ilustrativa da imagem Home office: sucesso das relações entre líderes e colaborados
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Apesar do home office ter se intensificado nas empresas nos dois últimos anos devido às restrições da pandemia, essa forma de trabalho a distância ainda está em fase de adaptação no Brasil. Ainda, que pesquisas apontem benefícios como o aumento de produtividade, mais resultados, qualidade de vida para o profissional e contribuição significativa com o meio ambiente — já que reduz a circulação de carros —, esse formato ainda deixa algumas companhias cheias de desconfiança e dificuldades. O que muitos não percebem é que com planejamento, disciplina e comunicação diferenciadas, é possível ter sucesso.

Quando se fala em planejamento, discute-se não apenas o gerenciamento à distância, mas o distanciamento social. Nesse planejamento precisa existir um acordo, onde fique claro os direitos e deveres de cada um neste cenário. O líder deve esclarecer ao liderado quais as expectativas e feedbacks precisa sobre as suas atividades, para que se mantenha informado e tome as devidas decisões.

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A relação de confiança precisa ser mútua e o chefe precisa confiar que o funcionário vai fazer a sua parte, cumprindo suas atividades, engajado ao acordo estabelecido, partindo do pressuposto que entregará tarefas e resultados e não ao contrário. É preciso desmistificar aquela ideia errônea de que, quando o funcionário está em casa, não trabalha ou que se distrai com outra coisa. Não há necessidade de desconfiança quando há entregas, trabalho remoto não é férias nem folga.

Estabelecer um relacionamento profissional com confiança é necessário e está relacionado a liderança e ao gerenciamento de pessoas, mesmo quando não está olhando o que elas estão fazendo. O exercício de medir inclui indicadores tecnológicos que informem se o colaborar está trabalhando ou se está faltando desempenho. O planejamento está relacionado a horários: que horas devo ligar ou mandar mensagens e quando devo dar o tempo necessário para a resposta, no mesmo dia ou no dia seguinte.

Quando a liderança não confia no trabalhador que está em home office, pode entrar numa prática conhecida como microgerenciamento, um excesso de controle, que é extremamente estressante para o colaborador, podendo reduzir a produtividade, impossibilitando a autonomia e independência, impactando no seu desenvolvimento. As perguntas excessivas sobre o passo a passo das atividades não são adequadas. O ideal é definir o processo de organização, execução, resolução e prazos de entregas das tarefas.

Já o colaborador precisa se programar na nova rotina de trabalho remoto e estar disponível a responder telefonemas e e-mails, preferencialmente no horário de trabalho, sem procrastinar, tendo em mente os deadlines das entregas acordados com sua liderança.

Assim como no trabalho presencial há rotinas com horários de entrada e saída, intervalo para o almoço e momentos de reunião, na nova realidade do trabalho em casa também é necessário estabelecer hábitos que facilitem a relação e desenvoltura profissional. Por isso, deve-se fazer um checklist de ações e, em reuniões, vestir-se de forma apresentável, pois a câmera necessariamente precisa estar aberta. A forma como a pessoa se veste no dia a dia de trabalho home office interfere na disposição, na concentração e na postura profissional que se deseja ter.

Essa rotina de videoconferência demonstra se os profissionais estão bem ou não, pois em época de isolamento social há um alto índice de síndrome de burnout, ocasionado pelo estresse e esgotamento profissional. Desta forma, também dá para manter aquele momento saudável do cafezinho ou do horário do almoço mesmo a distância.

Disciplina é um exercício que estabelece prioridades, um esforço para não deixar para depois o que é preciso fazer hoje, não esquecer aquilo que é importante e não ser consumido pela correria e o excesso de trabalho.

No trabalho à distância, a comunicação precisa estar extremamente afiada, sem ruído. Sempre é bom lembrar que as mensagens de texto, como os e-mails e o WhatsApp, estão sujeitas a interpretação do outro. Presencialmente, os conflitos são resolvidos facilmente, já a distância isso pode se arrastar e só depois você se dá conta de que a empresa inteira estava copiada na mensagem.

Esse tipo de comunicação que envolve escrita e leitura precisa ser treinada e desenvolvida, exige concentração e muito cuidado, não pode ser reativo ou no automático. É preciso também muito cuidado com os áudios gigantes e excessos de textos em aplicativos de mensagens.

É recomendável a empresa investir em ferramentas de comunicação e, também, aquelas relacionadas a acompanhamento de atividade. Só iremos entender e nos adaptar a essa nova realidade num movimento de desaprender e aprender novamente, mas depende também da diretoria e do corpo da organização.

Kelly Stak, consultora de RH, autora de "Rótulos Não Me Definem: Uma História de Resiliência"

A opinião da autora não reflete, necessariamente, a opinião da FOLHA.

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