Matemática. Democracia. Liberdade. Existe uma grande desconexão social do que é e do que pode ser quando o assunto é aumento de vagas para representantes eleitos por voto democrático no Poder Legislativo. Toda vez que aparece este assunto a população se revolta, quando na verdade deveria apoiar.

É matemática pura. O que gradua a democracia ao estado de instrução e moralidade do povo, é a extensão do poder e, mormente, sua divisão. Onde a delegação for parca e por longo prazo, haverá menos democracia no local.

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Em termos mais positivos, o número dos eleitos deve ser adequado ao número de habitantes na proporção conveniente para garantir uma representação à minoria sem risco da maioria. Para evitar o que temos hoje em Londrina, o Poder Legislativo está amarrado, com pouca produtividade efetiva. Quanto mais representantes eleitos, maior é a democracia nos trabalhos de uma Câmara Legislativa. Se temos mais vereadores, menores são as chances de controle, via toma lá dá cá, por outro Poder.

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Ora, frisa-se ainda, por analogia, que quanto mais candidatos temos à disposição, com suas variedades de pensamentos e estilos de vida, maior são nossas opções de voto, no mesmo passo deste compasso, quanto mais pessoas eleitas, maior será o debate, as ideias e a qualidade.

Com menor número de representantes, a oposição só é admitida e tolerada no limite da paciência do grupo com maior número; quando essa se esgota, a liberdade de trabalhar de uns fica imediatamente sequestrada em bem do arbítrio de outros. Deste despotismo resultam consequências lamentáveis. A minoria afrontada por uma constante submissão recorre às vezes a surpresa e a força para fazer vingar uma ideia, ou para manifestá-la.

O Poder Legislativo é o mais complexo entre os outros dois: Executivo e Judiciário. Salvo exceções pontuais, é o Poder Legislativo que designa as regras para o funcionamento da sociedade através de ordens legislativas, que muitas vezes são fruto de intuição e suposição. Projetos de Lei são experimentos que podem transformar, para melhor ou pior, a vida de todos. Então, cabe sim, mais pessoas com poder nestas decisões.

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O voto é o elemento da soberania; a representação é o meio de concentrar a vontade do povo para organização do poder público. Os princípios que regulam esta personalidade política, são imutáveis como as da personalidade civil; pertencem a todos os cidadãos: não são propriedade de um partido com exclusão de outro, mas propriedade do povo que os conquistou pela civilização. Por tanto, o poder deve ser melhor compartilhado.

Em todas as épocas não são os pensadores que conquistam os proventos de suas elucubrações; sim os espíritos costumeiros, desprendidos de convicções que têm o jeito de amoldar as ideias alheias à feição do que acha sem qualquer lógica de existir. Não estamos mais organizados em pequenas polis, na democracia ateniense, onde os votos eram nas Ágoras, com apenas um levantamento de mão. Ou então nas Apelas, nas assembleias políticas espartanas. Vivemos em cidades populosas com milhares de pessoas. Por isso é preciso mais pessoas, mais democracia, enfim: mais representantes.

Ronan Wielewski Botelho, filósofo, Londrina

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