Tem uma história que diz que um homem estava sobre um muro, indeciso entre as coisas mundanas e as coisas do céu. De um lado os anjos gritavam e gesticulavam para ele vir para o lado deles. Do outro lado os demônios estavam em silêncio só observando o homem em cima do muro. Vendo que os demônios estavam quietos, o homem lhes perguntou por que não tentavam convencê-lo a ir para o seu lado, como os anjos estavam fazendo do outro lado. Então o chefe Satanás disse: você está em cima do muro, então você já é nosso.

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Estamos prestes a realizar, no próximo dia 30 de outubro, a consumação de um dos mais importantes eventos políticos de nosso país que poderá definir não somente a escolha de um governo, mas principalmente o futuro de nossa nação, e as consequências que essa escolha poderá trazer para a vida de todos os brasileiros, dessa geração e das gerações vindouras. Como poucas vezes na recente história da jovem democracia brasileira uma escolha terá um peso tão significativo e impactante para o nosso futuro.

No entanto, segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), apesar do voto ainda ser obrigatório, somente no último pleito ocorrido no dia 02 de outubro de 2022, de um total de 156.454.011 eleitores aptos a votar, 32.770.982 milhões de eleitores se abstiveram do seu direito de votar, o que representa 20,95% daquele total, sem contar os mais de 5,4 milhões de votos nulos ou brancos. Nesse cenário, dos dois candidatos que irão disputar o segundo turno no dia 30/10/2022, um teve um pouco mais de 57,2 milhões de votos, e o outro um pouco mais de 51,07 milhões no primeiro turno.

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Sem entrar no mérito das possíveis razões que levaram esses quase 33 milhões de eleitores se absterem nesse processo eleitoral, com certeza esse gigantesco número poderia ter decidido o pleito, para um lado ou para o outro, ainda no primeiro turno.

Ou seja, considerando que a maioria dos que votaram no candidato da esquerda ou da direita no primeiro turno provavelmente vão manter o mesmo voto no segundo turno, numa avaliação rasante e sem a pretensão dela ser analítica ou precisa, os que se abstiveram nessa primeira etapa das eleições poderão definir os rumos da governança desse país para o futuro, caso venham a participar efetivamente da segunda etapa eleitoral. O fiel da balança nesse delicado processo eleitoral, para o segundo turno, seria então o contingente desses “indecisos”.

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Vivemos sob a égide de uma “democracia” onde o voto ainda é ato obrigatório, e não de livre escolha como ocorre em democracias mais amadurecidas. Mas, independente desse aspecto jurídico entendo que o mesmo direito que um eleitor tem de escolher entre o candidato “A” ou “B”, é o mesmo direito que outro tem de não escolher nenhum dos dois, pelo livre arbítrio.

No entanto, penso que a questão central, nesse momento crucial de nossa história política, vai mais além do que o ato discricionário do eleitor: ela transpassa o tempo presente e interfere no tempo futuro.

Votar no candidato “A” ou “B”, com todos os riscos que isso possa trazer é uma opção do eleitor. Ficar indiferente, omisso, indeciso ou em cima do muro talvez não seja uma boa opção. Como bem nos diz as Sagradas Escrituras: “Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca”. (Apocalipse 3,16)

Carlos José Estevam Lioti, administrador em Londrina.

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