Na última segunda-feira (04) a Alumni UEL – Associação dos Ex-alunos da Universidade Estadual de Londrina - teve a honra de receber o jornalista e escritor paranaense Laurentino Gomes para a palestra “A Escravidão e a Semente do Racismo do Brasil”. A ideia de convidá-lo veio de um dos membros da diretoria da Alumni UEL, o também jornalista e escritor Nilson Monteiro, ambos membros da Academia Paranaense de Letras.

Laurentino Gomes falou sobre “A Escravidão e a Semente do Racismo do Brasil”
Laurentino Gomes falou sobre “A Escravidão e a Semente do Racismo do Brasil” | Foto: ILAN PELLENBERG/FRAMEPHOTO/FRAMEPHOTO/ESTADÃO CONTEÚDO

Laurentino Gomes é um pé vermelho de Maringá, graduado e pós-graduado em universidades públicas (UFPr e USP) e hoje conhecido nacionalmente pelos livros que tem escrito, relatando em linguagem jornalística, clara e acessível, o produto de suas profundas pesquisas históricas, que cobrem importantes períodos da formação do Brasil enquanto nação.

Seu último ciclo de pesquisas resultou numa trilogia de livros que aborda um dos fatos mais importantes, decisivos e sensíveis de nossa história: a escravidão. Este triste episódio que trouxe cativo 5 milhões de africanos é descrito com clareza e sensibilidade, desde os primeiros leilões de compra de cativos africanos, antes mesmo do Brasil ser descoberto, até a edição da Lei Áurea que “libertou” da condição de escravo os pretos brasileiros deles descendentes.

Na sempre clara compreensão de que é fundamental conhecermos os fatos de nossa história para entendermos o presente e nos preparamos para o futuro e preocupados com o problema social do racismo latente que teima em persistir e se manifestar em nosso meio, foi que a Alumni-UEL convidou o Laurentino Gomes para esta conversa on line de mais de uma hora de duração, suscitando despertar a consciência de todos nós para tema tão decisivo a nossa vida como nação.

Ficamos profundamente tocados pela fala do Laurentino e pela repercussão muito positiva dessa iniciativa, a primeira de outras que queremos realizar relacionadas ao tema, sempre com muita responsabilidade, cuidado e dando a devida atenção aos variados aspectos que tocam uma organização com o desejo de ser, efetivamente, antirracista.

Somos conscientes da “semente do racismo” e de como ela continua sendo adubada e irrigada. Mesmo com todas as ações de organizações, ativistas, pensadores e até de tristes episódios de crônica policial, essa erva daninha infesta o País e a Alumni UEL não vai se calar e nem ficar de braços cruzados diante da violência ignóbil ao qual o povo preto é submetido há anos.

Vamos combater o conceito implícito e quase cultural de querer enxergar os brasileiros de pele preta ou miscigenados, como pessoas relegadas às atividades inferiores e de menor importância, a viver na pobreza, sem oportunidades, sujeitos ao crime e à violência e sempre sendo vistos como culpados por alguma irregularidade. Raízes que acabam por incutir nos demais brasileiros um racismo latente, aparentemente submerso, mas que a todo instante emerge das formas mais ignóbeis, assustadores e, não raro, violentas. Realidade dura e dolorosa, da qual, como diz Laurentino Gomes, não devemos fugir de assumi-la, se quisermos mudá-la.

Agradecemos imensamente o apoio da Folha de Londrina em divulgar esta palestra e demais iniciativas da Alumni UEL e ficamos felizes de enxergar nos meios de comunicação da cidade, parceiros importantes nas nossas lutas. Seguimos em frente e em ótima companhia. Como disse João Ubaldo Ribeiro: “Viva o povo brasileiro!”.

Gilberto Berguio Martin, Conselheiro Geral da Alumni-UEL.

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