Uns têm medo de confusão, outros torcem secretamente, outros ainda proclamam para quem quiser ouvir de quem é o seu voto. Discreto ou espalhafatoso, o brasileiro se prepara para uma eleição histórica: essa que decide a partir deste domingo (2) quem será o próximo presidente da República, além dos senadores, deputados federais e estaduais e governadores.

A preparação começou há muito tempo. Pelo sim, pelo não, todos evocam aquela senhora desejada pelos povos do mundo: a democracia, ainda que alguns não saibam direito o que significa e puxem a brasa para suas bandeiras imediatas, propondo até atropelar os outros.

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Mas a democracia é definida como um regime político em que todos os cidadãos elegíveis participam igualmente - diretamente ou através de seus representantes em busca de um resultado justo.

O esticar das cordas num ano eleitoral impõe uma avalanche de conceitos bonitos para definir candidatos e conquistar eleitores. Os slogans no ano de Bicentenário da Independência evocam conceitos históricos passados e repassados por nosso sentidos republicanos e, mais do que nunca, é preciso evocar a importância da Constituição. Quase todos ainda flertam com o antigo e valioso paradigma da Revolução Francesa que nunca saiu de moda: "Liberdade, Igualdade, Fraternidade" que, no fundo, permeia vários discursos. Mas nem tudo é lindo.

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Na fogueira das vaidades, no "mano a mano", vale tudo, até chamar o adversário de corrupto, ladrão, tchutchuca ou laranja. Quem viu o último debate presidencial na televisão ficou em dúvida se estava assistindo a um programa de humor ou a um encontro que, pelo menos na teoria, deveria ser muito sério. Os telespectadores, mesmos acostumados ao futebol, ficaram ali estarrecidos, perguntando se algum juiz não iria aparecer para puxar o cartão e por alguma ordem no jogo. Mas a bola seguiu, numa disputa que tem a cara do Brasil.

Por outro lado, existem sim coisas emocionantes que circundam as eleições de 2022: o voto da juventude, com pessoas de 16 a 18 anos estreando a urna, e o voto facultativo dos idosos que enfrentam dores na coluna, pressão alta e até gripe forte para votar, numa demonstração de sentido cívico que toca todos brasileiros.

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Para estas eleições, mais de 2 milhões de jovens foram tirar seus títulos, uma marca histórica que renova a face do eleitor brasileiro que estará diante das urnas para demonstrar o que, afinal, a nação deseja para o País. Já os idosos representam cerca de 21% dos eleitores aptos a votar nesta eleição, sendo que em 2018 eles representavam 18,4% do eleitorado.

Esse crescimento revela que eles estão firmes para enaltecer e fortalecer a democracia, esse conceito tão caro ao País já acostumado às eleições desde que lutou com corações e mentes pelas Diretas Já, consagrando um grito que não se perdeu no tempo e ecoa em nossos ouvidos toda vez que estamos diante das urnas para honrar nossos direitos.

Num País livre, tudo está programado para uma pacífica revolução a cada quatro anos, quando elegemos nossos representantes confiando nos resultados de um jogo no qual, no fundo, quem apita mesmo é povo!

A FOLHA deseja eleições pacíficas e democráticas a todos os seus leitores!