Alguns agricultores explicam a combinação de ocorrências que provocou a maior quebra de safra de milho da história do Paraná como uma "tempestade perfeita". Estiagem, ataques de pragas e frio intenso foram os fatores que provocaram o desastre que, no estado, afetou principalmente o Norte do Paraná, como a Folha de Londrina mostra em reportagem nesta edição.

Imagem ilustrativa da imagem EDITORIAL - Quebra na safra do milho é uma "tempestade perfeita"
| Foto: iStock

Com 2,5 milhões de hectares do grão cultivados no Paraná, a expectativa de colheita no início da segunda safra 2020/21 era de 14,6 milhões de toneladas, mas a realidade deve ficar bem distante do que foi projetado. O último relatório do Deral (Departamento de Economia Rural) da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento indica uma redução de 58,2% sobre a estimativa inicial e o volume colhido não deve passar de 6,1 milhões de toneladas. De todas as regiões do estado, o Norte amargou o pior prejuízo, conforme apontou o Deral, porque a quebra da safra está sendo calculada em 63%.

O que era para ser algo muito bom, virou um pesadelo. Os preços animadores, com alta significativa em relação a anos anteriores, incentivaram os produtores a investirem no plantio de milho. Alguns até se arriscaram e decidiram pelo cultivo fora do calendário de Zoneamento Agrícola de Risco Climático, sem financiamento.

As adversidades, porém, começaram antes mesmo de o maquinário ir a campo para fazer a semeadura, com a estiagem prolongada do ano passado, atrasando o plantio de soja e encurtando o calendário de milho, que foi plantado mais tarde.

As condições climáticas continuaram causando mais estragos na produção. Primeiro veio a seca. Na sequência, as pragas, como a cigarrinha, e por fim, uma onda de frio intenso que atingiu as lavouras na fase mais crítica, quando 73% das plantas estavam na fase de floração e frutificação.

O resultado dessa "tempestade perfeita" será a redução na colheita de 8,5 milhões de toneladas. Em termos financeiros, a quebra de safra representará uma perda de R$ 11,3 bilhões para o Paraná, mas a baixa na produção de milho deverá comprometer também a cadeia de proteína animal que tem no grão a base da alimentação para a criação de aves, suínos e peixes e irá afetar ainda a produção de leite.

Consequentemente, o aumento dos gastos com custo de produção vai chegar ao consumidor, que pagará mais caro pelo produto final. Ou seja, os problemas que começaram no campo chegarão às prateleiras dos supermercados. De uma forma ou de outra, as intempéries do clima sempre afeta toda a sociedade.

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