Imagem ilustrativa da imagem EDITORIAL - Desmotivados, estudantes adiam entrada em universidades
| Foto: Isaac Fontana/FramePhoto/Folhapress

O prazo de inscrições para o vestibular da UEL (Universidade Estadual de Londrina) está próximo de terminar e chama a atenção dos organizadores o baixo volume de inscritos até o momento, sinalizando a possibilidade de uma queda de até 35% do número de candidatos em relação à edição anterior. A estimativa foi passada à FOLHA pela professora Sandra Regina de Oliveira Garcia, titular da Cops (Coordenadoria de Processos Seletivos).

Desde 2015 (com exceção de 2019) os concursos têm tido mais de 21.800 candidatos, sendo que em 2017 beirou os 23 mil e, em 2021, ultrapassou os 27 mil. Uma das causas para essa queda no número de inscritos é, para Garcia, o desânimo por parte dos estudantes em relação ao preparo para o vestibular nesses dois anos de pandemia do coronavírus.

É um apontamento contundente, uma vez que a pandemia atrapalhou a aprendizado dos alunos do ensino médio, que precisaram assistir boa parte das aulas pelo ensino remoto, processo difícil principalmente para os jovens da rede pública, pois muitos não tinham acesso às ferramentas necessárias para o acompanhamento da rotina escolar à distância.

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Especialistas vêm apontando o impacto da pandemia para a educação global com o surgimento de uma lacuna na aprendizagem que deve afetar a educação básica e o ensino superior nos próximos anos. O governo do estado de São Paulo realizou uma pesquisa, no primeiro semestre de 2021, que apontou que serão necessários de 1 a 11 anos para se recuperar o aprendizado em português e matemática na educação básica da rede pública do estado perdido nesses últimos dois anos. Ainda segundo a pesquisa, o desempenho dos alunos recuou para patamar similar ao visto 16 anos atrás.

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Além do desânimo, a coordenadora da Cops acredita que a crise econômica pela qual o país atravessa também vai interferir no número de candidatos ao vestibular da UEL. Jovens tiveram que adiar o sonho de fazer uma faculdade para ingressar no mercado de trabalho e ajudar em casa e a professora ressalta que neste ano é provável que os vestibulandos estão optando por viajar menos e apostar no concurso de instituições perto de suas casas. "Essa é uma hipótese que a gente levanta também de que os candidatos estão fazendo um vestibular regional", afirmou Garcia.

A queda no número de candidatos ao vestibular da UEL, se confirmada, é só um exemplo do impacto desastroso que a pandemia terá na educação a médio e longo prazo, caso o Ministério da Educação e as secretarias de Educação de municípios e estados não façam um planejamento conjunto para se recuperar o tempo perdido. Há o deficit de conteúdo e aprendizagem, mas há também a questão socioemocional dos estudantes, que já pode ser percebida no desinteresse (ou impossibilidade) em buscar uma vaga no ensino superior.

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