Seguindo um conceito da OMS (Organização Mundial da Saúde), o surgimento de uma nova enfermidade, algo inesperado ou desconhecido, é chamado pelos cientistas de “doença X”.

Já em fevereiro de 2018, a OMS publicou uma lista de doenças que deveriam ter prioridade em atenção e pesquisas devido à séria ameaça que representavam à saúde pública. Na lista estavam a zika, as síndromes respiratórias e uma "doença X", que poderia surgir a partir de novos patógenos. Dois anos depois, a humanidade conheceu o Sars-CoV-2 e as consequências devastadoras dele para a humanidade.

Imagem ilustrativa da imagem EDITORIAL - As sequelas da Covid
| Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

O mundo ainda está aprendendo sobre o novo coronavírus e os efeitos que a doença que ele causa, a Covid-19, produz no organismo humano. Na edição desta segunda-feira (14), a FOLHA trouxe uma reportagem sobre a Covid prolongada.

Para muitos, o desafio de superar a internação por complicação da doença muitas vezes pode ser somente uma etapa do processo de recuperação. Algumas pessoas apresentam sequelas e, por vezes, elas são persistentes. Nesse sentido, cientistas querem saber se esses efeitos duram alguns meses ou se eles podem se tornar permanentes.

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A reportagem trouxe histórias de pessoas que após terem Covid-19 convivem com os efeitos prolongados da doença. É o caso da manicure Juliane Cristina Macerdo Santos Tirolli, 32, que nunca havia apresentado problemas de pressão. Mas depois da Covid, começou a ter episódios de pressão alta e passou a ter que controlá-la.

"Me incomoda bastante. Primeiro porque ao tomar a medicação, a pressão oscila muito durante o dia. Então tenho que tomar um medicamento cedo e um à noite. Incomoda muito, porque às vezes eu estou bem e, do nada, minha cabeça dói muito".

Sintomas comuns relatados por pessoas que tiveram a Covid também foram dores de cabeça frequente e perda de memória. Com o tempo, os sintomas tendem a passar, como dizem médicos ouvidos pela FOLHA, mas enquanto isso as sequelas atrapalham o dia a dia e até o desempenho do cidadão no trabalho ou estudo.

Embora a OMS já vinha alertado sobre esses novos patógenos capazes de originar doenças desconhecidas, foi preciso que uma pandemia chamasse a atenção do mundo para o surgimento de doenças graves desconhecidas, como a Covid-19, que matou oficialmente mais de seis milhões de pessoas no planeta - pesquisadores lembram que esse número é subnotificado e que o real deve chegar a 18 milhões.

O mundo precisa estar atento às formas de se antecipar quanto ao surgimento desses novos patógenos, saber como prevenir, identificar e agir o mais rápido possível. O que sabemos é que vírus como o Sars-CoV-2 aparecem a partir da destruição do habitat natural de diversas espécies pelo mundo, que os trazem para a convivência com humanos. Assim, de antemão, já sabemos que investir contra o meio ambiente não é um bom negócio nem do aspecto da saúde pública e nem da economia.

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