Ultradireitista diz que será primeira-ministra na Itália
A líder do partido Irmãos da Itália, Giorgia Meloni, declarou que indicará a si mesma ao cargo caso seu partido seja o mais votado
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segunda-feira, 08 de agosto de 2022
A líder do partido Irmãos da Itália, Giorgia Meloni, declarou que indicará a si mesma ao cargo caso seu partido seja o mais votado
Ivan Finotti – Folhapress
Madri, Espanha - A líder do partido ultradireitista Irmãos da Itália, Giorgia Meloni, declarou que indicará a si mesma como primeira-ministra do país, caso seu partido seja o mais votado da coalizão conservadora nas eleições de 25 de setembro. E, ao que tudo indica, será.

"Ao contrário da imprensa, não ficarei elucubrando quem será o presidente ou o primeiro-ministro. Na coalização de direita, o partido que receber mais votos dirá quem deve ser indicado como primeiro-ministro. E esse nome será o meu", disse a romana de 45 anos à rádio italiana RTL na manhã desta segunda (8).
Meloni, cujo Irmãos da Itália está em primeiro lugar, entre 22% e 24%, a depender da pesquisa, concorrerá unida com a também ultradireitista Liga (entre 15% e 17%), de Matteo Salvini, e com a conservadora Força, Itália (cerca de 8%), de Silvio Berlusconi.
A coalizão tem um acordo de que o partido mais votado dos três será o responsável por escolher o novo nome do governo.
O mecanismo eleitoral italiano funciona pela lógica de coalizões, colocando a direita em situação bastante favorável com seus mais de 45%, segundo pesquisas divulgadas na semana passada e neste fim de semana. Já a aliança centro-esquerda tem batido cabeça, com uniões e desuniões se sucedendo a cada semana.
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O crescimento do Irmãos da Itália nos últimos anos é impressionante. Se hoje consegue sensibilizar praticamente um quarto dos eleitores do país, nas últimas eleições, em 2018, foi um dos partidos mais mal votados, com apenas 4,4% das escolhas.
"Sou Giorgia. Uma mulher, uma mãe, uma cristã". Assim se apresenta a presidente do partido, que possui uma plataforma nacionalista, eurocética (descrença acerca da União Europeia) e contra o "lobby LGBTQIA+", a "violência islamista" e a "imigração de massa".
Meloni é pródiga em declarações polêmicas, como quando sugeriu um bloqueio naval na África para impedir que barcos de refugiados chegassem à costa italiana.
Em 2012, ela participou da fundação do Irmãos da Itália (Fratelli d'Italia, no original; expressão que está no primeiro verso do hino nacional). Caso se torne primeira-ministra, será a primeira mulher no cargo.
O canto da vitória de Meloni acontece um dia depois de seus adversários sofrerem um grande revés. Neste domingo (7), o centrista Ação (cerca de 5%, junto com o Mais Europa) anunciou sua desistência de participar da coalização de centro-esquerda. Essa aliança é liderada pelo Partido Democrático (PD), que, sozinho, alcança entre 22% e 24% dos eleitores.
O líder do Ação, Carlo Calenda, havia dito que sairia da união caso fossem aceitos partidos que não houvessem votado de acordo com propostas do primeiro-ministro Mario Draghi. Ele se referia ao partido Movimento 5 Estrelas (com cerca de 10% dos votos), que iniciou conversas com o PD e que foi o maior responsável pela queda de Draghi no mês passado.
Foi a falta de votos do 5 Estrelas a uma das propostas de Draghi que derrubou seu governo, antecipando novas eleições na Itália do ano que vem para daqui a sete semanas. O primeiro-ministro segue em exercício até a escolha do novo nome.
Caso essas conversas com o 5 Estrelas avancem e se mantenham até 25 de setembro, o PD ainda precisará manter o Esquerda Italiana e o Europa Verde (cerca de 4% os dois juntos) ao seu lado e cooptar mais aliados. Todos os cenários, entretanto, parecem pender para os adversários.
Aos grandes partidos somam-se outros nanicos como Artigo 1, de centro-esquerda, Compromisso Cívico e Itália Viva, de centro, e ItalExit, de direita, todos com cerca de 2%.
"As peças não encaixavam", afirmou Calenda em entrevista à Rai neste domingo. "Não estou confortável com isto, não há coragem, seriedade e amor em fazer política, então comuniquei aos líderes do Partido Democrata que não pretendo continuar com esta aliança."
Calenda disse ainda que a decisão foi "a mais dolorosa" de sua vida, ao que o líder do PD, Enrico Letta, retrucou: "Parece-me que o único aliado possível a Calenda é Calenda".
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