São Paulo - O primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi, anunciou sua renúncia nesta quinta-feira (14), após uma crise detonada pelo Movimento 5 Estrelas (M5S), um dos partidos que compõem a coalizão governista.

Policiamento foi reforçado no Palãcio Quririnale, em Roma, onde houve o encontro entre Draghi e Mattarella
Policiamento foi reforçado no Palãcio Quririnale, em Roma, onde houve o encontro entre Draghi e Mattarella | Foto: Andreas Solaro/AFP

A legenda decidiu não apoiar um decreto no Senado que tinha a validade de um voto de confiança ao governo. Logo depois da votação, Draghi foi ao Palácio Quirinale, em Roma, para se encontrar com o presidente Sergio Mattarella, o árbitro supremo da política italiana, que decidiu como resolver o imbróglio.

Depois, o premiê se reuniu com o gabinete de ministros e anunciou sua decisão, que deve ser formalizada no palácio presidencial ainda nesta quinta, segundo a imprensa italiana. O governo liderado pelo ex-líder do Banco Central Europeu, de 74 anos, durou apenas 17 meses.

Aprovado no Parlamento por 172 votos a 39 – sem a participação dos deputados do M5S –, o voto de confiança foi usado para agilizar a liberação de um pacote de EUR 17 bilhões, chamado de Ajuda, com medidas para aliviar o impacto do aumento dos preços de matérias-primas e da energia.

O voto se tornou nos últimos dias um ponto focal dentro da ampla coalizão de Draghi, enquanto seus partidos se preparam para concorrer entre si em uma eleição nacional prevista para o início de 2023.

Liderado pelo ex-primeiro ministro Giuseppe Conte, o M5S vinha pressionando Draghi a fazer mais para ajudar a amortecer o acréscimo do custo de vida, e também se opõe ao projeto do incinerador, por considerá-lo caro, poluente, ineficiente e ultrapassado como tecnologia.

Draghi havia dito diversas vezes em ocasiões anteriores que não gostaria de liderar uma nova coalizão de governo ou de governar sem o M5S, que emergiu como o maior partido no pleito anterior, em 2018.

Desde então, contudo, a sigla de ideologia antissistema sofreu deserções, com cerca de 50 parlamentares migrando para outros partidos, e perda de apoio público. Com a crise de identidade e as disputas de poder interna, o M5S tem 10% das intenções de voto nas pesquisas para as eleições legislativas de 2023, em quarto lugar, após ter sido a preferência de 34% dos eleitores há quatro anos.

O ex-líder do M5S e atual ministro das Relações Exteriores, Luigi Di Maio, fundou inclusive seu próprio partido, chamado Juntos pelo Futuro (IPF), e tenta ganhar visibilidade antes das eleições.

Draghi ascendeu ao poder em fevereiro de 2021, convidado pelo presidente Sergio Mattarella para liderar uma coalizão heterogênea que reunia quase todos os partidos representados no Parlamento, com exceção da sigla de extrema-direita Irmãos da Itália, que permaneceu na oposição.

Sua missão era realizar as principais reformas exigidas pela maior parcela de fundos de recuperação pós-pandemia da União Europeia, um pacote no valor aproximado de EUR 200 bilhões para a Itália.

Desde então, o governo se viu envolvido na guerra na Ucrânia, na qual adotou uma linha pró-UE, enquanto lutava contra a inflação crescente. O apoio de Draghi a Kiev, com o envio de armas e o apoio às sanções da UE, ganhou um voto de confiança parlamentar em junho, apesar das críticas de Conte de que a política arriscava iniciar uma corrida armamentista.

Em seu governo, Draghi também lidou com a campanha de vacinação contra a Covid-19.

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