Milão, Itália - Enquanto o Partido Conservador se apressa para definir as regras para a sucessão de Liz Truss no cargo de primeira-ministra do Reino Unido, os trabalhistas, na oposição, aumentam a pressão para a realização de eleições antecipadas.

Truss decidiu renunciar depois que o programa econômico anunciado por sua equipe causou um baque no mercado e dividiu o Partido Conservador
Truss decidiu renunciar depois que o programa econômico anunciado por sua equipe causou um baque no mercado e dividiu o Partido Conservador | Foto: Daniel Leal/AFP

Em circunstâncias normais, os britânicos voltariam às urnas entre o fim de 2024 e o início de 2025. O pleito pode tirar dos conservadores a maioria no Parlamento e dar ao Partido Trabalhista a chance de formar um novo governo - e por isso os opositores de alguma maneira se animaram com a crise dos últimos meses na sigla dominante.

Logo após o pronunciamento de renúncia de Truss, depois de apenas 44 dias no cargo, seu partido já deu as cartas sobre os próximos passos. Graham Brady, líder do grupo parlamentar responsável por organizar a disputa interna para eleger um novo líder conservador, afirmou que o novo cabeça do partido pode ser revelado até a próxima sexta-feira (28).

As regras, no entanto, ainda não estão claras, e há especulações de que mudanças no processo de votação podem ser anunciadas.

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Quando a disputa envolvia a sucessão de Boris Johnson, que deixou o cargo em julho, 11 nomes do Partido Conservador se candidataram à posição. Após uma série de ritos e votações internas, a disputa se reduziu ao confronto direto entre Truss e o então ministro das Finanças, Rishi Sunak.

Segundo pesquisa do instituto YouGov divulgada na última terça (18), realizada entre filiados do Partido Conservador, o político no topo das preferências para substituir Truss é o próprio Boris, com 32%, que voltaria ao cargo apenas três meses após sua renúncia. Em segundo lugar, aparece Sunak, com 23%.

Os trabalhistas, no entanto, descrevem a situação como insustentável e defendem a antecipação de eleições gerais. "Os conservadores não podem responder às suas bagunças simplesmente estalando os dedos e arrastando pessoas para o topo sem o consentimento do povo britânico. Eles não têm mandato para colocar o país em mais um experimento", afirmou o líder da oposição, Keir Starmer.

Os trabalhistas, que governaram o Reino Unido pela última vez entre 2007 e 2010, com Gordon Brown como premiê, lideram as mais recentes pesquisas de intenção de voto. Em levantamento realizado entre 11 e 12 de outubro, a oposição aparecia em primeiro, com 51%, enquanto os conservadores eram apontados por 23%.

Truss decidiu renunciar ao cargo depois que o programa econômico anunciado por sua equipe causou um baque no mercado e dividiu o Partido Conservador.

"Reconheço que, dadas as circunstâncias, não serei capaz de cumprir as promessas em nome das quais fui eleita pelo Partido Conservador", disse a britânica em pronunciamento realizado em frente ao seu escritório, em Londres, nesta quinta-feira (20).

Ela afirmou ainda que sua decisão já havia sido comunicada ao rei Charles 3º e que novas eleições no partido devem acontecer na semana que vem, de modo a "garantir o planejamento fiscal e manter a estabilidade econômica e a segurança nacional" do Reino Unido.

A repercussão da renúncia de Truss foi quase imediata. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, agradeceu pelo trabalho da primeira-ministra e disse que pretendia manter a "estreita cooperação" entre os dois países, enquanto o dirigente francês, Emmanuel Macron, afirmou sempre se entristecer ao ver uma colega partir.

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