Caças russos invadem espaço aéreo da Suécia; EUA advertem
Dois caças russos sobrevoaram a região de ilha que é ponto estratégico dos suecos no Mar Báltico; EUA advertem sobre guerra nuclear
PUBLICAÇÃO
quarta-feira, 02 de março de 2022
Dois caças russos sobrevoaram a região de ilha que é ponto estratégico dos suecos no Mar Báltico; EUA advertem sobre guerra nuclear
Igor Gielow/ Folhapress

São Paulo - As tensões que se espraiam a partir da guerra na Ucrânia foram sentidas de forma aguda na Suécia nesta quarta (2): quatro aviões de combate russos violaram o espaço aéreo do país nórdico por alguns momentos, gerando protestos em Estocolmo.
O incidente ocorreu quando dois caças Su-27 e dois caças-bombardeiros Su-24 entraram sobre a região da ilha de Gotland, um ponto estratégico e militarizado pelos suecos no mar Báltico.
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Segundo o Ministério da Defesa, caças Gripen foram enviados para a área, mas os invasores já haviam saído. Ou foi um teste da rapidez sueca, ou foi um erro. "À luz da situação corrente, nós vemos o evento muito seriamente", disseram as Forças Armadas em uma nota.
"É claro que é completamente inaceitável", disse à agência TT o ministro Peter Hultqvist, que irá fazer uma queixa formal a Moscou.
Casos como esse são relativamente comuns, mas raramente com a invasão do espaço aéreo. Aviões de lado a lado testam a rapidez de reação do adversário - isso na Europa, no Pacífico, no polo Norte. Só que o conflito que se vê na Ucrânia é algo sem paralelo desde o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945.
Isso tem levado a diversas especulações acerca da ampliação do embate entre Moscou e Washington e seus aliados da Otan (aliança militar ocidental). A Suécia não faz parte do clube largamente para não antagonizar a Rússia, assim como a vizinha Finlândia, mas opera em consonância com suas diretrizes operacionais.
TODOS PERDEM
Nesta quarta (2), o secretário de Estado americano, Antony Blinken, afirmou em uma entrevista coletiva que "ninguém ganha uma guerra nuclear, todos perdem". É uma obviedade, tanto que os países detentores da bomba no Conselho da Segurança das Nações Unidas assinaram documento se comprometendo a não iniciar um conflito atômico, mas mostra o ponto da crise.
Em Moscou, o seu colega Serguei Lavrov concedeu uma entrevista à rede árabe Al Jazeera e ressaltou que "uma Terceira Guerra Mundial seria muito destrutiva e nuclear". Novamente, um preocupante truísmo por quem está no meio de uma invasão militar de um vizinho.
No domingo (27), o presidente Vladimir Putin havia puxado essa carta atômica do baralho, colocando em alerta máximo suas forças estratégicas. Na prática, isso significa que os caminhos burocráticos entre a ordem de lançar uma ogiva nuclear e os militares na ponta estão encurtados, e o sistema está online, por assim dizer.
Segundo Putin, foi uma resposta à reação de autoridades da Otan em relação à guerra que iniciara na quinta (24). Naquele dia, ele já havia advertido os ocidentais para ficar fora do conflito, sob pena de sofrer consequências inéditas --uma nada sutil forma de dizer que poderia usar a bomba.
Rússia e EUA concentram 90% das ogivas nucleares do mundo, uma herança da primeira Guerra Fria, mais do que suficientes para pôr um fim à humanidade. Até aqui, americanos e aliados têm insistido em que não cruzarão as fronteiras ucranianas, justamente para evitar um confronto com os russos.
A intimidação nuclear de Putin pode ser só o que parece, mas o fato é que o tema de uma Terceira Guerra Mundial agora frequenta o noticiário como não ocorria desde os anos da União Soviética.

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