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Batalha é 'prelúdio da derrota final' dos rebeldes na Síria, diz Assad

Exército da Síria anunciou a recaptura de diversas áreas em torno de Alepo, consolidando assim o controle da região que já foi o centro financeiro do país

ATUALIZAÇÃO
17 de fevereiro de 2020

Igor Gielow – Folhapress
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São Paulo - O ditador da Síria, Bashar al-Assad, afirmou nesta segunda (17) que as recentes vitórias de seu Exército no noroeste do país são o "prelúdio da derrota final" dos rebeldes que se opõem a seu governo desde 2011. Em pronunciamento na TV estatal síria, Assad disse, contudo, que "essa libertação não significa o fim da guerra ou a rendição do inimigo, mas definitivamente esfrega seus narizes na sujeira". 

AFP 

Alepo foi palco de algumas das piores batalhas do conflito, de 2012 a 2016
 

 A fala ocorreu no mesmo dia em que o Exército da Síria anunciou a recaptura de diversas áreas em torno de Alepo, consolidando assim o controle da região que já foi o centro financeiro do país - e palco de algumas das piores batalhas do conflito, de 2012 a 2016. 

 A ação atual, centrada na reconquista do último bastião rebelde do país, a província de Idlib logo a leste dali, ganhou fôlego a partir de dezembro. As forças de Assad montaram uma grande ofensiva, apoiadas pela Força Aérea da Rússia, que desde 2015 opera no país a partir de uma base na província de Latakia. 

 A intervenção de Vladimir Putin salvou seu aliado Assad, que estava à beira de perder a guerra. Naquele ponto, a Síria era uma colcha de retalhos, controlada pelo governo e por facções rebeldes diversas, em especial o grupo terrorista Estado Islâmico. 

 De lá para cá, os rebeldes foram sendo encurralados. Além do apoio aéreo russo, operam em solo iranianos e do grupo xiita libanês Hizbullah, bancado por Teerã, o que fez crescer o número de ações de Israel contra posições desses seus adversários na Síria. 

 O Estado Islâmico foi neutralizado, também com a ação de bombardeios de forças ocidentais lideradas pelos Estados Unidos. Agora, a resistência à ditadura se resume principalmente a grupos sunitas - incluindo entre eles elementos da Frente Nusra, ligada à rede terrorista Al-Qaeda. 

 A questão é que eles são apoiados pela Turquia, país da Otan (aliança militar ocidental) que tem cerca de 5.000 homens na região e estabeleceu 12 postos de observação militar após invadir a Síria em outubro passado, depois que os EUA traíram seus aliados curdos no norte sírio. 

 O objetivo inicial de Ancara foi alcançado: o estabelecimento de uma zona separando o Curdistão sírio do turco, onde o PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão) está envolvido em um conflito separatista há décadas. 

 Isso foi feito em coordenação com a Rússia, mas o governo de Recep Tayyip Erdogan decidiu reforçar sua ação e entrou em confronto direto com os sírios aliados de Moscou. 

 O objetivo declarado da Turquia é estabilizar uma região para repatriar parte dos 3,3 milhões de refugiados sírios que abriga em seu território - ao todo, as Nações Unidas estimam em 6,2 milhões o total de pessoas que fugiram do país e em outros 6,2 milhões, aquelas quer se deslocaram internamente. 

 Esse último grupo foi reforçado por 870 mil pessoas desde que a batalha final de Assad começou, 40 mil apenas neste fim de semana, lotando campos improvisados com papelão e plástico sob o frio do inverno duro da região. É o maior movimento do tipo desde o começo da guerra. 

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