Um homem, 35, suspeito de tentativa de feminicídio no último sábado (25), em Guarapuava, centro-sul do Paraná, foi preso nesta segunda-feira (27). Ele se apresentou na Delegacia da Mulher para ser interrogado, mas, como havia um mandado de prisão em seu nome, foi detido ao final do procedimento.

A Polícia Militar prestou atendimento ao caso, que ocorreu no distrito da Palmeirinha, ainda no sábado, após receber várias solicitações informando que uma mulher, 39, havia sido baleada na perna e estava escondida em uma área de mata, esperando por socorro.

À PM, de acordo com o boletim de ocorrência, a vítima relatou que o suspeito estava em posse de um revólver e uma espingarda, e que havia sido agredida durante toda a noite pelo marido. Ainda, que à tarde ele efetuou vários disparos em sua direção.

O acusado do crime conseguiu fugir do local e não foi preso no sábado. Na manhã desta terça-feira (28), a delegada Ana Carolina Hass, responsável pelo caso, afirmou, em entrevista coletiva, que o suspeito já havia sido preso em 2022 por ter agredido a mesma mulher. À época, ela optou por não solicitar a medida protetiva.

“Trouxemos a vítima até a delegacia para que prestasse declaração, para que fossem feitas os procedimentos em relação aos exames periciais, e a partir de então nós já tomamos conhecimento da situação de forma mais aprofundada, o que nos deu fundamentos para pedir imediatamente a prisão preventiva do suspeito”, disse Ana Carolina.

Um dos fundamentos para o pedido de prisão foi a existência de um vídeo de câmera de segurança, que flagrou as agressões e, segundo a delegada, “comprova a materialidade dos delitos”. “Não só da própria lesão corporal, mas até das ameaças, das injúrias, mas da própria tentativa de homicídio, que foi o crime principal que embasou esse pedido de preventiva.”

De acordo com Ana Carolina, o suspeito vai responder pelo crime de violência psicológica, já que há indícios de uma série de atitudes que indicam que a mulher estava em um ciclo de violência. Além disso, ele também pode responder pelos crimes de feminicídio tentado, estupro, ameaça e injúria.

VIOLÊNCIA

O homem é suspeito de ameaçar a própria mãe de morte. Em um áudio de WhatsApp atribuído ao acusado, ele diz “primeiro, quero dar um tiro na cara da senhora”, caso ela ficasse de “escudo” na situação.

“A mãe foi ouvida na data de ontem, inclusive ela mesma acompanhou a vítima principal, por assim dizer, a nora, dizendo que sim, recebeu áudios posteriormente, foi um áudio pelo suspeito no grupo da família do suspeito, por meio do qual ele realmente a teria ameaçado, dito a ela que não me metesse, se não poderia sobrar para ela”, disse Ana Carolina, pontuando que a família do agressor colaborou com as investigações, inclusive entregando o veículo que está com marcas de tiros e que será periciado.

Armas apreendidas de posse do suspeito
Armas apreendidas de posse do suspeito | Foto: Divulgação

CRIANÇA

O boletim de ocorrência da PM aponta que, segundo o relato da vítima, o agressor fugiu para uma área de mata levando o filho de 4 anos do casal. Os policiais foram informados que o menino estava na casa de um padrinho. Depois, a criança foi entregue aos cuidados da avó.

“A gente teve notícias de que ele não praticaria violência diretamente com essa criança, mas se utilizaria dessa criança para violentar psicológica, emocional e fisicamente a sua esposa”, acrescentou a delegacia.

Aos PMs, a mulher disse que, depois das agressões da madrugada, o homem voltou à tarde alcoolizado. Foi nesse momento que ele efetuou os disparos.

A vítima foi encaminhada para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da Primavera, em Guarapuava, por pessoas que estavam no local.

DEFESA

Em uma nota encaminhada à imprensa, a defesa do suspeito informou que, na tarde desta segunda-feira, “a defesa apresentou o rapaz para o devido esclarecimento à autoridade policial, bem como, cooperou para a apreensão das armas de fogo que estavam em sua residência, as quais são registradas e, portanto, de conhecimento da autoridade competente”.

“Ademais, salienta-se que após o seu interrogatório, fora cumprindo mandado de prisão em seu desfavor. A Defesa analisará com calma o decreto prisional, os elementos de informação angariados no inquérito policial e, posteriormente, tomará as medidas necessárias para defesa do investigado”.

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