São Paulo - Cerca de 25% dos alimentos de origem vegetal consumidos no Brasil possuem resíduos de agrotóxicos acima do permitido, proibidos ou sem autorização. Os alimentos foram selecionados com base na Pesquisa de Orçamento Familiar do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) 2008-2009 e representam 80% dos alimentos de origem vegetal no país.

A situação identificada em dois períodos de análise do Para (Programa de Análises de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos), de 2018 a 2019, e 2022. O levantamento também mostrou que, em 2022, em 41,1% das 1.772 amostras de alimentos analisadas no programa não foram encontrados resíduos de agrotóxicos.

Os resultados do estudo foram divulgados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) nesta quarta-feira (6).

Em 33,9%, foram detectados resíduos de agrotóxicos dentro do limite permitido. Em 25%, havia inconformidade com o limite máximo de resíduos. Segundo o levantamento, em 3 amostras foi identificado risco agudo à saúde.

O ciclo anterior (2018-2019) coletou 3.296 amostras em 84 municípios de 26 federações. O estudo pesquisou 272 agrotóxicos.

Em 33,2% (1.094) não havia resíduos de agrotóxicos; 41,2% estavam no limite; em 25,6%, havia inconformidade com o máximo permitido de resíduos e em 0,55% foi identificado risco agudo à saúde.

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O Para considerou que 74,4% das amostras foram satisfatórias no ciclo 2018-2019 e 75% em 2022. Não houve coleta em 2020 e 2021 devido à pandemia de Covid.

O monitoramento, coordenado pela Anvisa e realizado em conjunto com as vigilâncias sanitárias dos estados e municípios, avalia dois tipos de risco.

O agudo diz respeito à uma curta exposição, consumo de um alimento ao longo de um dia com potencial de causar dano à saúde devido aos resíduos de agrotóxicos. O crônico está relacionado à ingestão diária de vários alimentos por toda a vida.

O objetivo da Anvisa é monitorar o risco à saúde relacionado às intoxicações que podem ocorrer dentro de 24h após o consumo do alimento com resíduos.

Considerando os dois ciclos, o risco agudo foi identificado em 21 amostras. A laranja foi o produto que apresentou maior percentual de excedências à DRfA (Dose de Referência Aguda, parâmetro de segurança que diz respeito a este tipo de dano).

O cálculo do risco crônico - exposição ao longo de toda a vida - considerou o período de 2013 a 2022, 36 alimentos, 324 agrotóxicos e a análise de 21.735 amostras.

LARANJA

Um dos destaques no histórico do programa é a redução do risco agudo na laranja. No ciclo de 2013/2015, 12,1% das amostras analisadas tinham potencial de risco agudo. Já no ciclo de 2018/2019, esse número caiu para 3%, e, nas amostras de 2022, o risco agudo ficou em 0,6%.

Um dos principais motivos dessa evolução foi a proibição do uso de carbofurano no processo de reavaliação e a exclusão do uso de carbossulfano na cultura de citros (plantas cítricas).

Além disso, a Anvisa realizou restrições de uso para outras substâncias, como a metidationa e o formetanato. Para esses agrotóxicos, também houve a exclusão de autorização do uso em alimentos como laranja, uva e morango.

Nos últimos dez anos, os dados do Para têm sido utilizados para orientar a reavaliação de agrotóxicos.