No quinto dia de paralisação, trabalhadores do transporte coletivo voltaram a protestar ao lado da Prefeitura de Londrina. Os funcionários aguardam o pagamento dos salários que deveriam ter sido depositados no dia 7 de abril, quinto dia útil do mês. O grupo, concentrado no Centro Cívico, realiza uma manifestação pacífica. Faixas foram fixadas para chamar a atenção do poder público e da população.

Conforme o advogado e vice-presidente do Sinttrol (Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Londrina), André da Silva, cerca de 950 motoristas que atuam nas empresas Londrisul e TCGL (Transportes Coletivos Grande Londrina), além dos profissionais dos setores administrativos e de manutenção, estão sendo prejudicados pelos atrasos.

“Se há um desequilíbrio econômico-financeiro na planilha de custos e isso está causando impacto muito severo nos contratos de trabalho, inclusive com o atraso nos salários, isso precisa ser resolvido com urgência. A fome tem pressa. Se há desequilíbrio, fatalmente isso vai desaguar nas condições sociais dos empregados que prestam serviço”, destacou.

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Justiça determina que empresas comprovem pagamento de salários de motoristas

O sindicato ajuizou duas ações contra as empresas de transporte coletivo. A Justiça concedeu prazo de cinco dias para que elas comprovem a realização dos pagamentos. As empresas ou operadoras do sistema foram notificadas nesta segunda-feira. Após essa decisão, o sindicato recorreu para que seja determinado o pagamento imediato dos salários sob pena de multa diária.

De acordo com Silva, outras ações também tramitam na Justiça. Na ação movida pela Londrisul contra o sindicato, a Justiça exigiu que o Sinttrol não impeça a entrada de trabalhadores nas empresas e mantenha distância das garagens dos veículos. Já na ação da TCGL contra o sindicato, a Justiça determinou a retomada das atividades com 70% dos ônibus em circulação nos horários de pico e 50% nos demais horários, sob pena de aplicação de multa de R$ 40 mil por dia em caso de descumprimento.

“Os trabalhadores disseram que não vão voltar enquanto não receberem os salários. A multa nós vamos ter que discutir depois. Não foi o sindicato que arquitetou a paralisação. Eles fizeram de forma espontânea porque não estão com o pagamento em dia”, comentou.

Já as empresas alegam que “a capacidade econômico-financeira das operadoras infelizmente se esgotou”. Em nota encaminhada na última sexta-feira, quando teve início a paralisação, representantes da TCGL e da Londrisul argumentaram que houve queda na arrecadação, redução do número de passageiros em razão da pandemia e aumento no preço de insumos como óleo diesel, sendo necessário um aporte financeiro do município.

A Prefeitura repassou, aproximadamente, R$ 6 milhões para auxiliar na manutenção do sistema. A folha de pagamento é estimada em R$ 1,5 milhão.

Enquanto aguardam o impasse judicial, os funcionários do transporte coletivo veem os boletos chegarem sem terem dinheiro na conta. “Estou priorizando a alimentação, mas as contas estão vindo também. E depois, os juros? Quem é que vai arcar com isso?”, perguntou um motorista que preferiu não se identificar.

“Está tendo passageiros. Tem movimento. O comércio está aberto. A gente vê os ônibus lotados todos os dias. Como não tem dinheiro para pagar?”, questiona outra funcionária. “Estou jogando tudo no cartão, mas, mês que vem, como vai ser? É muito estressante passar por isso. A gente só foi avisado que eles não iriam pagar no dia do pagamento. Deviam ter avisado a gente pelo menos 15 dias antes. Os passageiros ficaram sabendo antes de nós e perguntaram se a gente iria parar. Até agora só caiu o tíquete alimentação de R$ 324”, contou outra motorista.

O transporte metropolitano administrado pela empresa TIL está operando normalmente. Os funcionários receberam o restante dos salários nesta segunda-feira (12), conforme promessa feita pela direção da empresa na última sexta.

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