O desembargador Luciano Carrasco Falavinha Souza, do Tribunal de Justiça do Paraná, negou uma liminar para soltar o motorista suspeito deprovocar um acidente que matou pai e filha no dia 26 de abril. A colisão entre o carro do condutor e das vítimas aconteceu na BR-369, em Apucarana. A decisão saiu na noite desta terça-feira (5).

Imagem ilustrativa da imagem TJ nega liberdade para suspeito de acidente em que pai e filha morreram em Apucarana
| Foto: Polícia Rodoviária Federal

A batida também deixou ferimentos uma mulher, mãe da criança morta, e um bebê de 18 dias que trafegavam no mesmo veículo. Os dois foram internados no Hospital da Providência, em Apucarana. Procurada, a assessoria de imprensa da unidade não informou se eles continuam ou não internados. O advogado Sandro Bernardo da Silva protocolou um recurso afirmando que "não existe prova de embriaguez ao volante, pelo contrário. O exame do bafômetro realizado e ainda não juntado ao processo atestou zero para álcool".

O delegado responsável pelo caso, Marcus Felipe da Rocha Rodrigues, disse à FOLHA que o suspeito, em interrogatório, confessou ter "bebido um pouquinho" em uma festa com amigos, realizada antes do acidente fatal. A defesa sustenta que "a batida aconteceu mais de 12 horas depois do momento em que ele (motorista) bebeu uma dose de whisky. Sendo assim, não teria efeito algum, tanto é que o resultado do etilômetro foi zero".

O advogado questionou a tese de que o rapaz dirigia acima da velocidade permitida na rodovia federal. "Não existe nenhuma perícia neste sentido. Ele nega que fosse o motorista do carro. O importante é destacar que todo o inquérito policial é investigado como crime culposo, não havendo qualquer indício de dolo, ainda que eventual, exceto o achismo do Ministério Público", disse na petição enviada ao TJ-PR.

Seguindo esse raciocínio, o jovem não teria que ficar preso preventivamente, como foi decretado em primeira instância pelo juiz da 2ª Vara Criminal de Apucarana, José Roberto Silvério. O despacho foi reforçado pelo desembargador. Ele escreveu que "são inúmeros os fatos concretos para a prisão. Pela violência do acidente é óbvio que estava em alta velocidade", disse.

Para o desembargador, "a tentativa de fuga é evidente, até em razão da recente condenação por crime semelhante, e a controversa narrativa pela qual saiu da festa pela manhã e estava em casa, quando a pessoa que o acompanhava disse, palavra por palavra, o que ocorreu. O inquérito não vincula o tipo penal a ser apurado, caindo por terra tudo aquilo que é dito no recurso".

A reportagem não conseguiu contato com o advogado para repercutir a decisão do magistrado.

Denúncia

Também na noite desta terça, o promotor Gustavo Marcel Fernandes Sobrinho, do Ministério Público de Apucarana, denunciou o motorista de 27 anos por vários crimes. Segundo a acusação, ele deverá ser processado duas vezes pelos homicídios dolosos qualificados do pai e da filha e três tentativas contra as vítimas que sobreviveram (mulher e bebê) e uma passageira do carro supostamente conduzido pelo suspeito.

Além disso, o MP quer que ele responda cinco vezes por não socorrer as vítimas e também por fugir do local do acidente.