Suspensão de cirurgias no Hospital Infantil impacta quase 100 municípios

A suspensão do plantão da urgência para as cirurgias gerais pediátricas do HISF (Hospital Infantil Sagrada Família), de Londrina, que começou a valer nesta segunda-feira (19), impacta quase 100 municípios que a unidade atende. A informação é do secretário de Saúde de Londrina, Felippe Machado.

“Muitas vezes esses pacientes não deveriam estar aqui, falando em termos da referência do sistema como um todo. Vamos notificar os demais municípios para que eles possam se adequar momentaneamente até que possa ser restabelecida a escala de plantão dessa especialidade do Hospital Infantil", afirmou Machado.

Ele explicou que os casos em que a referência for de outras regionais do Paraná serão redirecionados para unidades nessas áreas, Já os pacientes cuja referência é Londrina serão direcionados para outro serviço na cidade mesmo.

Segundo Machado, o problema de as instituições filantrópicas em especial apresentarem dificuldades não é só de Londrina, mas nacional. E reforçou sobre a questão com o Hospital Infantil, que pertence à Irmandade Santa Casa. “Eles são contratados pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Nós notificamos essa necessidade, em que pese entender toda essa dificuldade que a instituição está passando no momento em relação a conseguir médicos. Mas nós, enquanto gestores do contrato com o SUS, fizemos a notificação e se isso não for resolvido vamos encaminhar para um processo de penalidade administrativa. Evidente que isso não resolve o problema, que é o atendimento às crianças Nesse sentido estamos contando com a rede assistencial para que nenhuma criança fique desassistida", detalhou.

O secretário ressaltou que essa suspensão não afeta o PAI (Pronto Atendimento Infantil) porque é uma especialidade cirúrgica. “Essa demanda será drenada para o HU (Hospital Universitário) e demais instituições hospitalares da região que conseguirem fazer o atendimento de acordo com a complexidade e referência.”, declarou.

CIRURGIA GERAL

A assessoria da Iscal reforçou que a interrupção do serviço é somente dessa especialidade cirúrgica e nas urgências e não engloba, por exemplo, a cirurgia ortopédica pediátrica, a cirurgia cardíaca pediátrica ou a neurocirurgia pediátrica que, tanto na urgência quanto eletivas, continuam atendimento normal. A especialidade da cirurgia pediátrica corresponde à cirurgia geral no adulto.

Isso significa que, caso chegue algum caso de cirurgia geral pediátrica na urgência, ou seja, no pronto-socorro, será orientado a procurar outro hospital. Os serviços de ambulância já foram comunicados e devem levar direto para outro hospital.

CIRURGIAS ELETIVAS

Ainda de acordo com a Iscal, as cirurgias eletivas (as agendadas) - mesmo dessa especialidade - continuam normalmente. A suspensão é por tempo indeterminado e a assessoria explicou que o diálogo com médicos está sem novidades.

Segundo o superintendente da Santa Casa, Fahd Haddad, a direção está tentando resolver o imbróglio. "Na prática todas as outras áreas médicas estão funcionando. Essa situação está mais na urgência da cirurgia pediátrica. Estamos tentando viabilizar outras soluções. Estamos com apoio do município para redirecionar neste momento até encontrar uma maneira para substituir esta maneira de trabalhar que hoje levou a esta situação."

MINISTÉRIO PÚBLICO

A promotora de Justiça de Saúde Pública, Susana Feitosa de Lacerda, se reuniu na tarde de segunda-feira na sede do MP (Ministério Púbico) com Fahd Haddad, Felippe Machado , a diretora da 17ª Regional da Saúde, Maria Lúcia da Silva Lopes, e com a gerente executiva da Iscal, Ana Paula Cantelmo Luz, para discutir o assunto.

“O que foi estabelecido foi um prazo para a Santa Casa de Londrina, administradora do Hospital Infantil, se organizar até o dia 30. Eles terão que trazer uma resposta se vão conseguir manter o serviço ou se não vão mais prestar essas cirurgias pediátricas. Caso não consigam, outros serviços vão incorporar esse serviço da cirurgia pediátrica de emergência”, declarou Lacerda.

A superintendente do HU (Hospital Universitário) de Londrina, Vivian Feijó, afirmou que ainda não vai falar ainda sobre isso. “Vou aguardar uns dias para sentir a demanda”, declarou.