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Sinepe recorre ao TJ para reabertura das escolas em setembro

Prefeitura e Estado decidem que é cedo para retorno das atividades presenciais e sindicato que representa as unidades particulares cobra pelo menos uma data para retomada parcial

ATUALIZAÇÃO
01 de setembro de 2020

Laís Taine - Grupo Folha
AUTOR

O Sinepe (Sindicato das Escolas Particulares) vai entrar com um agravo de instrumento no TJ (Tribunal de Justiça) do Paraná pedindo a reabertura das escolas. "Vamos insistir!”, afirma o presidente da entidade, Alderi Luiz Ferraresi. 

Inicialmente, as aulas presenciais estavam suspensas até 31 de agosto, mas autoridades entenderam que não era seguro voltar  agora
 

O sindicato havia entrado com ação judicial para o retorno das aulas que foi liminarmente indeferida. A decisão do governo do Paraná e da prefeitura de Londrina em não reabrir as escolas para aulas presenciais em setembro motivou o recurso no TJ. 

No sábado (29), o prefeito Marcelo Belinati anunciou nas redes sociais de que as aulas da rede municipal de ensino não retornarão em setembro. As atividades estavam suspensas até esta segunda-feira (31). Neste domingo (30), a Secretaria Municipal de Educação afirma que ainda não há previsão de retomada e que uma nova avaliação deve ser feita no final de setembro. 

A secretária municipal de Educação, Maria Teresa Paschoal de Moraes, afirma que a decisão foi tomada com dados da secretaria municipal de Saúde e que, segundo a análise, não seria seguro a retomada neste momento. “A gente entende que teria aumento de casos, os estudos mostram isso. A gente decidiu que setembro ainda não é hora de voltar”, argumenta. 

Moraes afirma que  não há data prevista para retomada e que isso ainda deve ser analisado no final do mês de setembro. “É uma avaliação que é feita sempre dois ou três dias antes do vencimento do prazo de suspensão, então, provavelmente, na última semana de setembro nós teremos nova análise”, afirma. 

A secretária aponta  que mesmo que haja uma data, a retomada deverá ocorrer na proposta de escalonamento, com um terço da sala de aula no formato presencial e os demais no remoto, de forma semanal, quando estiverem autorizados. 

Mesmo com uso de máscara, disponibilização de termômetros, tapetes sanitizantes e distanciamento entre carteiras, que demanda bem menos alunos na sala de aula, a secretária aponta ainda a questão de os pais aceitarem ou não que os alunos voltem. “Isso é uma grande incógnita. O que a gente ouve é que a grande maioria dos pais seria contra e não mandaria os filhos para a escola”, menciona. 

ESTADO 

A decisão acompanha o governo do estado, que divulgou na sexta-feira (28) que ainda é cedo para retorno das aulas presenciais no Paraná. O decreto estadual suspendeu as aulas nas escolas estaduais públicas e privadas, nas universidades e entidades conveniadas desde o dia 20 de março. “Temos avaliado diariamente o cenário. E podemos dizer, com muita segurança, que ainda não temos possibilidade de colocarmos os alunos em sala, os professores e equipes das escolas nesta convivência pessoal, porque precisamos de uma queda efetiva da curva”, ressaltou a diretora de Atenção e Vigilância em Saúde da Secretaria da Saúde, Maria Goretti David Lopes. 

O Governo do Estado formalizou um comitê com a presença de diversas secretarias e está analisando a metodologia quando o retorno for possível, desde que com segurança para alunos, professores e funcionários. “Não temos como falar em data. O governo tem discutido métodos para quando houver a possibilidade de retomada. Enquanto as curvas de casos novos e óbitos não estiverem em queda sustentada, não há previsão”, frisou Beto Preto, secretário do Estado da Saúde. 

DISCORDÂNCIA

O Sinepe não concorda com a decisão da prefeitura e do governo estadual. “Já está na hora, não de reabrir, mas de começar a se pensar em uma data de reabertura e eles simplesmente postergam o prazo de fechamento, mas nunca fala de reabertura”, critica Alderi Luiz Ferraresi, presidente do Sinepe. 

O presidente afirma que as escolas precisam se planejar para o retorno e que muitos alunos não estão lidando bem com as aulas remotas. “Precisamos que o prefeito comece a se manifestar, depois de cinco meses, em cima de alguma possibilidade de data, ele sequer admite a conversar sobre isso”, aponta. 

Ferraresi indica que o sindicato defende o plano de retomada com turmas escalonadas. “A quantidade de pais que disporão a ir à escola é pequena, isso já é um ponto altamente favorável para a reabertura, porque o pai que não aceita é porque de uma forma ou de outra está dando conta do trabalho remoto, os filhos estão bem atendidos. Nossa estimativa é de que vai reduzir em torno de 40 a 50% dos estudantes que não irão para a escola. Isso é ponto favorável”, cita. 

Dentro do quadro reduzido, cita o escalonamento com sistema híbrido de ensino entre formato remoto e presencial. “Não precisa ir muito na escola, o aluno pode ir pouco e continuar com uma proporção maior das aulas no remoto e à medida que isso vai dando certo, vamos expandindo e introduzindo novos alunos”, explica. 

Para o presidente, a decisão não é adequada, considerando que outros pontos da cidade estão abertos e com circulação de crianças e jovens. “Eles vão ao shopping, à academia, estão liberados até para eventos, as áreas comuns dos prédios estão liberadas, ele só não pode ir à escola”, critica. “Precisamos ter uma data para pelo menos termos uma luz no horizonte, porque hoje estamos na escuridão e ninguém acena com alguma possibilidade. As escolas serão as últimas que voltarão, como se a educação fosse descartável”, argumenta. 

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