Com a dificuldade na produção de vacinas Coronavac a preocupação de quem recebeu a primeira dose aumenta, já que temem que a eficácia dela não alcance a sua totalidade. O médico infectologista e imunologista, José Luis da Silveira Baldy, afirmou que a pessoa está sujeita a contrair o vírus até que a segunda dose seja aplicada. “Eu diria o seguinte: o atraso da aplicação da segunda dose vai protelar a proteção desse paciente até quando a segunda dose for aplicada. A primeira dose é fundamentalmente para a formação dos linfócitos de memória imunológica. A segunda dose é para que a pessoa adquira uma imunidade sólida”, afirmou Baldy.

O médico infectologista e imunologista, José Luis da Silveira Baldy e a enfermeira Naiara Baldy El Rafihi
O médico infectologista e imunologista, José Luis da Silveira Baldy e a enfermeira Naiara Baldy El Rafihi | Foto: Marcos Zanuto/Arquivo Folha

“Eu lido com isso com outros tipos de vacina. Às vezes falta uma vacina e o intervalo entre as duas doses necessárias se alarga. A vacina do sarampo, por exemplo, exige a aplicação em duas doses. Uma com um ano e outra com um ano e quatro meses. Eventualmente o laboratório não entrega essas vacinas e o intervalo se alarga em cinco a sete meses.”, apontou. Do ponto de vista imunológico o que acontece, de acordo com Baldy, é o seguinte: Existe o prazo estabelecido ideal e se está faltando a vacina a primeira dose não fornece anticorpos em uma formação adequada. “Isso é péssimo. Para isso é necessária uma segunda dose.”

“O problema é que estamos vivendo a pandemia e isso irá protelar a imunidade sólida por prazo não desejável”, apontou. Segundo ele, se há baixa cobertura vacinal há um grande número de pessoas expostas.” Essa lentidão na vacinação que está ocorrendo no Brasil é arriscada sob o aspecto de surgimento de variantes. “Se tem 10% da população vacinada, há 90% das pessoas que ainda estão suscetíveis a ter a doença e se a vacinação demorar muito a ser realizada, está expondo as pessoas que estão infectadas a ter infecção e ao aparecimento de novas variantes”, destacou.

TEMPO DE CADA IMUNIZANTE

Em resposta ao questionamento da Folha de Londrina, o Ministério da Saúde informou que a estratégia de distribuição de vacinas Covid-19 é revisada semanalmente em reuniões entre Governo Federal e representantes das secretarias estaduais e municipais, observando as confirmações do cronograma de entregas por parte dos laboratórios. “O objetivo é garantir a cobertura do esquema vacinal no tempo recomendado de cada imunizante: quatro semanas para a vacina do Butantan e 12 semanas para as doses da Fiocruz.”

O Ministério da Saúde reforçou para que a população tome a segunda dose da vacina Covid-19 mesmo que a aplicação ocorra fora do prazo recomendado pelo laboratório, assegurando a proteção adequada contra a doença.

A partir desta quinta-feira (13), a pasta está distribuindo mais 5,7 milhões de doses para todos os estados e Distrito Federal – 3,7 milhões de doses da vacina AstraZeneca/Oxford e 1,9 milhão do Instituto Butantan.

No Paraná, das 399 cidades, 204 interromperam a vacinação de segunda dose por não ter a disponibilidade da vacina Coronavac na última terça-feira (11). O Paraná vai receber do Ministério da Saúde mais 244,8 mil doses de vacinas contra a Covid-19. São 118 mil doses do imunizante Covishield, produzido pela AstraZeneca e Fiocruz, voltadas para completar o esquema vacinal (segunda dose) do público com idade entre 65 e 69 anos, e 126.800 doses da Coronavac, da parceria entre a Sinovac e o Instituto Butantan, que serão aplicadas em pessoas com comorbidades, com deficiência permanente, gestantes e puérperas.

Assim que os imunizantes chegarem ao Paraná, a Secretaria de Estado da Saúde fará a separação dos quantitativos que serão destinados às 22 Regionais de Saúde. “A distribuição será de acordo com as necessidades dos municípios, para que eles continuem a vacinação dos grupos prioritários. A ideia é ampliar cada vez mais o número de paranaenses imunizados”, afirma Maria Goretti David Lopes, diretora de Atenção e Vigilância em Saúde da secretaria.

Esta será a 19ª remessa distribuída entre as 27 unidades da federação pelo ministério, que ainda não divulgou as datas em que os imunizantes chegarão aos estados. O lote conta com 3,7 milhões de doses da Covishield e quase 2 milhões de doses da Coronavac. Desde o início da campanha de vacinação, em janeiro, já foram enviadas 82 milhões de vacinas a todo o País.

Das que o Paraná recebeu, o Governo do Estado distribuiu entre os municípios 3,7 milhões de doses. O Estado atingiu na terça-feira (11) 3 milhões de doses aplicadas e a vacinação de 2 milhões de pessoas. De acordo com o Vacinômetro da Secretaria de Estado da Saúde, até as 15 horas desta quarta-feira, 2.049.581 paranaenses tinham recebido a primeira dose e 1.082.800 a segunda, com aplicação total de 3.132.381 doses dos imunizantes.

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