O trabalho do homem do campo é cada vez mais pautado no saber científico, mas sem deixar de lado a fé. A fé no bom clima, a fé na boa colheita e fé de que os frutos de seu trabalho garantirão o seu sustento. Encerrando o mês marcado pelos festejos juninos, dedicados a Santo Antônio, São João, São Pedro e São Paulo, o Santuário de Nossa Senhora Aparecida de Londrina, na Vila Nova, há mais de 20 anos iniciou a tradição de celebrar a missa em ritmo sertanejo, em homenagem ao trabalhador rural.

A celebração aconteceu neste final de semana, no sábado (2) e no domingo (3), como um momento de acolher esses profissionais e lembrá-los de que não estão sozinhos. "Nossa Senhora Aparecida é um grande norteador de fé para aquelas pessoas que trabalham no campo. Nossa Senhora surge no meio dos pobres, para auxiliar os pobres e aqueles que precisam. E essa classe de pessoas (trabalhador do campo) é de muita devoção e fé", destacou o padre Rodolfo Trisltz, pároco e reitor do Santuário, que celebrou as missas no final de semana.

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Para o sacerdote, a data é importante para lembrar a toda a comunidade das dificuldades pelas quais passam os agricultores e a missa é o momento em que todos os fiéis são chamados a rezar por eles, pelas suas famílias e pelo trabalho que realizam. “Nós sabemos o quanto é difícil para as pessoas que trabalham no campo, principalmente o pequeno agricultor, que é o que mais sofre e o que mais passa dificuldade.”

Diversas entidades, instituições e pessoas são convidadas a participar da celebração, mas as missas são abertas a toda a comunidade. Embora o piano clássico e o órgão sejam substituídos por instrumentos mais familiares aos moradores da zona rural, como viola, sanfona e gaita, e os músicos estejam vestidos a caráter, Trisltz ressaltou que a celebração não tem sentido folclórico e o que ocorre é a inculturação da liturgia. “A missa é no sentido de inculturação, onde nós trazemos para a celebração aquilo que é próprio do homem do campo. Esses instrumentos estão mais próximos da realidade desse povo dão o tom desse momento de louvor à Maria que nós fazemos com o homem do campo”, explicou o padre. “A liturgia não muda, o que muda são o ritmo e a forma como os cantos são executados.”

Para a celebração da missa foram usados elementos que remetem à vida rural
Para a celebração da missa foram usados elementos que remetem à vida rural | Foto: Gustavo Carneiro

Na homilia, Trisltz chamou os fiéis a refletirem sobre a humanidade. “Ao celebrar São Pedro e São Paulo, não estamos celebrando pessoas anormais. Pedro era um pescador, um homem humilde, simples e o Senhor, ao transformá-lo, mostra que a dignidade habita em todo homem. E a mesma coisa a figura de Paulo, que era um grande intelectual, mas perseguidor e assassino que depois tornou-se uma pessoa defensora e acabou morrendo dando o sangue por aquilo que ele não acreditava. O encontro com o Senhor modificou a sua vida. Então, o tom da reflexão parte da realidade que as forças e o encontro da fé vêm da essência da pessoa.”

Para Alda Parizoto Martins, a missa é um momento de agradecer aos sacrifícios e dedicação intensa dos trabalhadores rurais, que garantem a comida na mesa de toda a população. “Sem eles, o que seria de nós? Enfrentam o sol, a chuva, o frio, o calor, não tem sábado, domingo ou feriado. Para mim, é um momento de pedir que Nossa Senhora continue abençoando o trabalho lindo e tão importante que eles fazem.”

Maria Aparecida Pereira dos Santos nasceu na zona rural e ainda adolescente mudou-se com os pais e irmãos para a cidade, mas ela conta que os pais, até o fim da vida, sempre mantiveram hábitos e costumes da vida no campo. Estar presente à missa e orar por Nossa Senhora, santa de devoção de toda a família, disse ela, é uma forma de sentir-se novamente próxima de seus pais. “E na missa ainda tem viola e sanfona, que eu adoro. Se tiver viola e sanfona, não perco, seja missa, enterro ou baile”, brincou.

Para a celebração da missa foram usados elementos que remetem à vida rural
Para a celebração da missa foram usados elementos que remetem à vida rural | Foto: Gustavo Carneiro

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