Guarulhos - Um grupo de 29 refugiados ucranianos chegou ao Brasil nesta sexta-feira (18), em busca de um recomeço forçado pela guerra iniciada pela Rússia. Eles foram resgatados por uma rede internacional de missionários cristãos, e igrejas brasileiras se dispuseram a mantê-los por ao menos um ano.

Membros da comunidade ucraniana em Prudentópolis participam de manifestação contra a guerra
Membros da comunidade ucraniana em Prudentópolis participam de manifestação contra a guerra | Foto: Albari Rosa - AFP

Ao todo, dez mulheres, dois homens e 17 crianças desembarcaram por volta das 6h30 no aeroporto de Guarulhos. Apesar de homens com idades entre 18 e 60 anos estarem proibidos de deixar a Ucrânia, aqueles que têm três filhos ou mais são autorizados a sair –caso dos dois que integram o grupo.

Eles vieram de várias cidades da Ucrânia, inclusive Mariupol e Kharkiv, duas das mais atingidas pela Rússia. "São pessoas com uma história de muita dor. A gente tem que ajudar", disse o pastor presbiteriano brasileiro Elias Dantas, fundador da GKPN (Global Kingdom Partnership Network), que lidera a ação.

Dantas, que mora nos EUA, esteve na Ucrânia e nos países fronteiriços na última semana, organizando a operação. A embaixada brasileira, que atualmente funciona na cidade de Lviv, no oeste ucraniano, emitiu vistos humanitários para o grupo. Fiéis de igrejas evangélicas de Guarulhos e de São José dos Campos os esperavam com uma bandeira ucraniana e um cartaz de boas-vindas em inglês.

De São Paulo, os refugiados serão levados em um ônibus para Curitiba, onde passarão alguns dias e, depois, vão para Prudentópolis e Guarapuava, cidades paranaenses que concentram uma grande comunidade de imigrantes ucranianos e que se dispuseram a acolher quem escapou desta guerra.

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AULAS DE PORTUGUÊS

Eles receberão aulas de português e terão moradia e outros gastos bancados pelas igrejas. Dantas afirma que trará, no total, ao menos 300 refugiados da Ucrânia para o Brasil, 50 dos quais no próximo dia 26.

No dia 3 de março, o governo brasileiro publicou uma portaria interministerial que concede o visto de acolhida humanitária aos ucranianos e apátridas (pessoas sem nacionalidade reconhecida) afetados ou deslocados pela situação de conflito armado.

O Brasil possui essa modalidade de visto para sírios, haitianos e, mais recentemente, concedeu-o também aos afegãos que fogem do Talibã. Mais de 3 milhões de ucranianos deixaram o país desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro, no êxodo mais veloz vivido pela Europa desde a Segunda Guerra.

A maioria está ficando nos países vizinhos do Leste Europeu, como Polônia, Hungria e Romênia. Segundo o pastor Dantas, 10 mil refugiados serão acolhidos nos próximos 15 dias por 2.000 igrejas ligadas à GKPN, 90% deles em países próximos à Ucrânia. "A gente sempre se pergunta o que Jesus faria em nosso lugar. Certamente estaria abrindo os braços e recebendo-os", afirmou.

O projeto prevê a reunião familiar dos refugiados após o fim da guerra, com a repatriação daqueles que quiserem voltar ou a viagem dos familiares para o país de acolhimento, no caso dos que decidirem ficar.

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