Presos 'furam' telhado e fogem da cadeia de Ibiporã

A cadeia pública de Ibiporã (Região Metropolitana de Londrina), que fica na delegacia de Polícia Civil da cidade, teve uma das maiores fugas de presos da história nesta terça-feira (27). Pela contagem da polícia, 51 detentos escaparam. Perto das 4 horas da manhã, os detentos furaram a parte superior da carceragem com ferramentas e pularam o muro. A unidade, há anos superlotada, tem capacidade para 35 pessoas, contudo, 195 se apertavam nas celas antes do episódio. Até as 17h30, oito detentos foram recapturados.

O delegado Vitor Dutra explica que a carceragem possui uma parte solar, por onde frequentemente eram jogadas brocas, ferramentas, celulares e materiais que auxiliam a fuga aos presos. Depois do furo no telhado, os agentes efetuaram disparos de arma de fogo não letal, como balas de borracha. "O que os assustou, então parte fugiu pela frente e parte pela lateral", conta. Três policiais estavam na delegacia no momento da fuga.

"Estamos com quase 6 vezes a lotação, o que dificulta muito a fiscalização e o trabalho nosso no dia a dia. Quase 70 presos daqui já foram condenados e deveriam ter ido para o sistema penitenciário", afirma. Dutra já tinha solicitado a transferência dos presos ao Depen (Departamento Penitenciário). Por meio de nota, a Polícia Civil do Paraná reconheceu o problema histórico da manutenção irregular de presos em carceragens da instituição e a superlotação delas. "Policiais estão nas ruas em intensivas diligências para capturar os foragidos", diz a nota.

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A fuga já era anunciada. O cenário de 5,5 presos para o espaço que deveria ter apenas 1, com um excesso de 451% acima da capacidade projetada, não é inusitado. A carceragem foi construída na década de 80 e a última fuga tinha sido em fevereiro deste ano, de três presos.

Em abril, os detentos chegaram a fazer uma greve de fome por conta da superlotação. O Depen transferiu alguns presos à época, mas a delegacia continuou recebendo pessoas. No dia 9 deste mês, uma nova tentativa de fuga foi frustrada porque os policiais perceberam furos pelos quais os detentos pretendiam cavar.

Mas nesta segunda-feira (26) durante a vistoria pelas celas, os agentes não perceberam buracos. "Às vezes com cigarros eles conseguem camuflar os furos", contou Dutra.

A vizinhança que caminhava pela calçada em frente à delegacia se deparava com objetos que contavam a história da fuga: cercas retorcidas, um moletom e bonés deixados na grama, além de uma corda utilizada para a saída dos presos. Registrando a cena com seu celular, uma moradora questionava: "Até quando o poder público ficará assim?”. Ela contou que um outro vizinho ouviu os tiros na madrugada.

Um outro morador, que não quis se identificar, disse que, por enquanto, "fica o medo de sair de casa". A Polícia Militar de Londrina auxilia nas buscas, inclusive com um helicóptero.

Assalto em Sertanópolis

Um dos foragidos da cadeia de Ibiporã foi recapturado após participar de um assalto em Sertanópolis na tarde desta terça-feira (27). Segundo a PM (Polícia Militar), ocorreu um roubo em um sítio na saída de Ibiporã pra Sertanópolis em que três indivíduos levaram diversos objetos e um veículo. Uma das vítimas reconheceu de pronto um dos ladrões, foragido da cadeia.

A equipe Polo Ibiporã tinha conhecimento de um local em que os criminosos poderiam estar escondidos e repassou para as equipes Rotam (Rondas Ostensivas Tático Móvel) que, ao chegarem ao lugar, encontram três indivíduos e o veículo do roubo. Os suspeitos empreenderam fuga em meio à mata. Um deles foi preso, e todos os objetos foram recuperados. O helicóptero Falcão 01 do BPMOA (Batalhão de Polícia Militar de Operações Aéreas) também auxiliou nas buscas.

Uma vítima do assalto foi levada para Sertanópolis com diversas lesões ocasionados pelos detentos e, aparentemente, com dois ferimentos por arma de fogo. Em seguida, foi transferida para Londrina em estado gravíssimo.

(Colaborou Larissa Ayumi Sato)

(Atualizada às 19h08)