Brasília - O ministro da Educação, Victor Godoy, anunciou nesta quarta-feira (27) a quinta troca no comando do órgão responsável pelo Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) durante o governo Jair Bolsonaro. Danilo Dupas Ribeiro pediu demissão, segundo publicação do ministro.

Além de organizar o Enem, o Inep é responsável pelas avaliações federais da educação básica e ensino superior
Além de organizar o Enem, o Inep é responsável pelas avaliações federais da educação básica e ensino superior | Foto: Isaac Fontana/FramePhoto/Folhapress/17-1-2021

Dupas estava no comando do Inep desde fevereiro de 2021, e havia sido levado ao cargo pelo ex-ministro Milton Ribeiro, de quem é próximo. Nas redes sociais, Godoy afirmou que a saída de Danilo Dupas ocorreu por "motivos pessoais e a pedido".

Além de organizar o Enem, o Inep é responsável pelas avaliações federais da educação básica e ensino superior, entre outras funções. Quem assume a presidência é Carlos Eduardo Moreno Sampaio, um dos servidores mais experientes da autarquia e que respondia pela diretoria de Estatística Educacionais. Moreno será o novo presidente do Inep a partir de 1º de agosto.

A gestão de Dupas Ribeiro foi marcada por uma avalanche de críticas internas sobre sua conduta à frente do órgão. No ano passado, houve debandada de servidores de cargos de chefia sob acusações de "fragilidade técnica e administrativa da atual gestão máxima do Inep".

Também houve denúncias de assédio moral contra servidores. Além disso, a gestão de Dupas Ribeiro esteve envolvida em movimentações para interferir ideologicamente no conteúdo do Enem.

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No meio do ano passado, a “Folha de S. Paulo” revelou que o Inep tinha pronta uma minuta de uma portaria para estabelecer uma espécie de um tribunal ideológico no exame, com a criação de uma nova instância de análise dos itens das avaliações da educação básica. O documento fala em não permitir "questões subjetivas" e atenção a "valores morais".

Antes de Dupas, foram nomeados para o cargo no atual governo Alexandre Lopes, Marcus Vinícius Rodrigues e Elmer Vicenzi. Já Maria Inês Fini, que ocupava o cargo desde o governo Temer, foi exonerada no começo de janeiro de 2019.

Sob o governo Bolsonaro, o Ministério da Educação passou por uma sucessão de turbulências, com troca de ministros, polêmicas públicas e casos de corrupção. O ex-ministro Milton Ribeiro chegou a ser preso no âmbito das denúncias de um balcão de negócios na pasta.

Antes de assumir o Inep, Danilo Dupas foi de uma secretaria do MEC (Ministério da Educação) e esteve envolvido em um movimento de Milton Ribeiro para atuar em benefício de uma instituição privada e presbiteriana que teria fraudado uma avaliação federal.

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