São Paulo - O MEC (Ministério da Educação) confirmou nesta quinta (17), em coletiva de imprensa, as mudanças previstas para o Enem. As alterações já haviam sido aprovadas em parecer do CNE (Conselho Nacional de Educação), na segunda-feira (14).

A principal mudança é que a partir de 2024 o candidato poderá escolher a área de conhecimento da prova do segundo dia. As alterações acontecem para alinhar o Enem ao novo ensino médio, que começou a ser implementado nas escolas públicas e privadas no início deste ano.

O Ministro da Educação, Milton Ribeiro, diz que o Enem valorizará ainda mais a capacidade de reflexão e análise
O Ministro da Educação, Milton Ribeiro, diz que o Enem valorizará ainda mais a capacidade de reflexão e análise | Foto: Fabio Pozzebom - Agência Brasil

"O novo Enem valorizará ainda mais a capacidade de reflexão e análise, além de contemplar a flexibilidade curricular, permitindo que as aptidões e as escolhas dos nossos jovens sejam consideradas", disse o ministro da Educação, Milton Ribeiro.

Segundo a pasta, o primeiro dia de exame terá perguntas relacionadas a formação geral básica do aluno com foco nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática. As questões, no entanto, serão interdisciplinares. Ainda nesta primeira etapa, os alunos ainda terão de redigir uma redação.

Já no segundo, o aluno responderá perguntas da área de conhecimento escolhida. O MEC irá oferecer quatro blocos de perguntas para os candidatos.

A ideia é que o candidato escolha o bloco de perguntas relacionado ao itinerário formativo que fez durante o ensino médio, mas também que esteja ligado ao curso superior que deseja tentar uma vaga.

"Quem vai definir [se serão perguntas abertas ou não] vai ser o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas)", informou o secretário de Educação Básica, Mauro Rabelo.

O órgão, responsável por elaborar e aplicar o Enem, deve construir as matrizes de referência e decidir o número de questões de cada prova, se elas serão discursivas, entre outros pontos.

Rabelo explicou que o MEC deve oferecer uma lista às universidades da relação das áreas de conhecimento com os cursos, mas as universidades terão autonomia para fazer essa seleção e decidir qual área está ligada a cada curso.

A pasta não estima o valor que deve ser gasto com as mudanças para o novo Enem.

O secretário de Educação Básica explicou ainda que alunos que fizerem curso técnico ao longo do ensino médio poderão ganhar uma bonificação, caso tenha relação com o curso escolhido na graduação.

Durante sua fala, o ministro da Educação falou que nos próximos dias o MEC irá divulgar um documento para ampliação do ensino técnico no país.

"Curso técnico e superior devem conversar, o conhecimento adquirido no ensino técnico não pode ser ignorado para acessar o ensino superior", disse. "Queremos dar oportunidades para que um técnico possa continuar os estudos em um curso de engenharia civil, por exemplo."

Desde o ano passado, Ribeiro defende o fortalecimento do ensino técnico e profissionalizante no Brasil. Reportagem da Folha de S. Paulo mostrou, no entanto, que matrículas na área estão estagnadas durante o atual governo federal.

As novidades do Enem, como informado, acontecem devidas as mudanças no ensino médio. Entre os principais pontos de alterações na última etapa da educação básica está o aumento da carga horária e a possibilidade de os alunos escolherem parte das disciplinas que querem cursar.

Com a reforma, a carga horária dos alunos vai para 3 mil horas. Destas, 1.800 devem ser destinadas à formação geral, que são os conteúdos obrigatórios e outras 1.200 horas são chamadas de "parte flexível", onde os alunos escolhem seus itinerários formativos.