O novo Censo 2022 divulgou nesta quarta-feira (28) dados sobre o crescimento demográfico e número de domicílios no País, que apontaram para um crescimento de 6,5% da população brasileira nos últimos 13 anos, média anual de 0,52%, a menor taxa desde o primeiro censo realizado em 1872.

A cidade de Londrina tinha uma previsão de atingir 580 mil habitantes no Censo 2022, mas diante do resultado nacional e do baixo crescimento e até diminuição populacional em capitais brasileiras, o resultado foi de 555.937 londrinenses, o que representa 9,7% no período. Em números absolutos, o aumento foi de 49.236 pessoas, média de 0,78% ao ano.

Quinto Estado brasileiro no ranking populacional, o Paraná cresceu no mesmo ritmo e chegou a 11,4 milhões de pessoas, o que equivale a 9,6% de acréscimo em relação ao Censo 2010. Já a capital Curitiba teve um aumento populacional de apenas de 1,25% e atingiu 1.773.733 habitantes. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a taxa anual de crescimento em Curitiba foi de 0,1%, suficiente para não colocar a cidade na lista das capitais que perderam moradores no período de 13 anos.

Em entrevista à FOLHA, o superintendente do IBGE no Paraná, Elias Guilherme Ricardo, afirmou que o baixo crescimento populacional ou queda no número de habitantes nas grandes cidades foi um “movimento em todo o País e não apenas em uma região ou cidade” e notas técnicas do IBGE devem explicar os fatores que influenciaram os números do Censo com 97% de resposta no País. No Paraná, o índice foi de 96%.

“Normalmente, óbitos, nascimentos e migração são as variáveis que podem explicar a queda no ritmo de crescimento ou a redução no número de habitantes, Agora, temos que analisar qual o peso de cada variável”, comentou.

Ele lembra que o período foi marcado pela pandemia da Covid-19, que matou mais de 700 mil brasileiros. A crise global na saúde também adiou os trabalhos dos recenseadores em busca da coleta dos dados para Censo. Além disso, existe uma tendência de diminuição no números de integrantes por família com a diminuição na taxa de fecundidade. O IBGE apontou que a média de moradores em domicílios particulares é de 2,79 habitantes.

Ricardo também ressaltou a tendência de crescimento nos municípios que fazem parte de regiões metropolitanas, onde o custo de vida é maior e as pessoas procuram morar no entorno e trabalhar na cidade-pólo ou até a migração para o interior. Maior cidade da Região Metropolitana de Curitiba, São José dos Pinhais teve um crescimento de 24%.

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“Esses dados são importantes para o direcionamento de recursos no poder público, pois mostra a força do interior e as demandas necessárias com o crescimento populacional. Já o setor privado pode fazer investimentos onde as pessoas estão, como por exemplo nas regiões metropolitanas. Os dados são importantes para tomada de decisões sérias tanto pelos gestores públicos como para investidores”, analisou.

O superintendente do IBGE no Paraná lembrou que, além da pandemia, o Censo 2022 enfrentou muitas dificuldades durante o processo de coleta de dados e algumas localidades chegaram a ser visitadas até 20 vezes.

Para o Paraná, de acordo com Ricardo, a previsão era a contratação de 10.490 servidores, mas o IBGE contou com no máximo 7 mil trabalhadores ao mesmo tempo para a realização do Censo. “Ainda tivemos questões climáticas severas e uma eleição muito polarizada. Alguns moradores não recebiam os recenseadores porque o IBGE era contra o governo e em outra casa o servidor não era recebido porque o instituto era a favor do governo”, lembrou.

DOMICÍLIOS

Os dados do Censo 2022 apontam que a cidade de Londrina tem 247.277 domicílios, aumento de 36,46% no comparativo com 2010, sendo que a média de moradores é de 2,64 habitantes por família nas residências, atualmente.

Na avaliação do coordenador do Comitê de Pesquisa do Fórum Desenvolve Londrina, Fábio Pozza, os números demográficos são um dos indicadores que apontam para o perfil dos consumidores presentes em uma localidade, o que será ampliado com a publicação de novos dados do Censo, como renda, idade e escolaridade. “Apesar do crescimento populacional ser positivo, pois indicaria progresso, o número precisa ser analisado com outros indicadores”, ponderou.

Pozza adiantou, no entanto, que o aumento no número de residências em Londrina, com a diminuição de moradores por habitação, deve ser levado em consideração pelo mercado. “Existe essa tendência de famílias menores, queda na taxa de natalidade e atravessamos as piores recessões econômicas neste período, o que pode justificar a diminuição de pessoas por moradia. As tendências são importantes para o mercado entender o consumo das pessoas que moram sozinhas, não possuem filhos e se existe um envelhecimento do público”, ressaltou.

QUALIDADE DE VIDA

O secretário do Planejamento de Londrina, Marcelo Canhada, afirmou que dados atualizados do Censo 2022 são fundamentais para fazer a gestão correta dos recursos e planejamento das políticas públicas. Segundo ele, os números do IBGE que foram divulgados nesta quarta-feira (28) e os demais indicadores que serão disponibilizados estarão na mesa da equipe para a realização do orçamento municipal e organização dos investimentos públicos.

“Assim, vamos saber se em determinada região precisa de mais escolas, a renda per capita do londrinense, onde estão as pessoas que ganham menos, situação de famílias que dependem da rede municipal de saúde. Londrina é bastante desigual do ponto de vista econômico, onde uma grande parte da população precisa do serviço público, notadamente, na educação, na saúde e na assistência social”, afirmou.

Canhada fez a ressalva que “crescimento não significa desenvolvimento econômico ou qualidade de vida", mas disse que os dados de Londrina são satisfatórios e comparou o índice de quase 10% com o de Curitiba, capital que ficou na casa de 1% no aumento populacional. “Nós já sabemos que o número de pessoas por família caiu de forma significativa e que o crescimento da cidade se deu dentro da média estadual, um crescimento satisfatório.”