Curitiba - Os primeiros resultados consolidados do Censo Demográfico de 2022 divulgados nesta quarta-feira (28) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontam que o Paraná ultrapassou o Rio Grande do Sul em número de habitantes. Em 12 anos, o Estado ganhou praticamente um milhão de novos residentes, passando de 10.444.526 no Censo de 2010 para 11.443.208 pessoas no estudo mais recente.

O crescimento da população paranaense foi de 9,56% no período, maior do que o aumento em termos nacionais, que foi de 6,5%, o equivalente a 12,3 milhões de novos brasileiros. Com isso, o Estado passa a ser oficialmente o 5º mais populoso do País e o primeiro da região Sul, à frente do Rio Grande do Sul (que passou de 10.693.923 para 10.880.506 habitantes) e de Santa Catarina (de 6.248.436 para 7.609.601 habitantes).

As informações do órgão federal confirmam os cálculos elaborados pelo Ipardes (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social) feito a partir de projeções do próprio IBGE, que já em 2017 demonstravam a tendência de inversão entre o Paraná e o Rio Grande do Sul, que apresenta taxas de crescimento menores.

"O Paraná como o estado mais populoso da região Sul já era apontado por estimativas realizadas anteriormente. De 2010 a 2022, 21% dos municípios paranaenses apresentaram taxa média geométrica de crescimento anual superior a 1%, acima do percentual de 10% observado no Rio Grande do Sul, que registrou a maior população da Região no Censo de 2010", afirma Jorge Callado, diretor-presidente do Ipardes.

O município mais populoso do Paraná é Curitiba, com 1.773.733 habitantes, um aumento de 1,2% em relação ao Censo 2010. A capital paranaense é a 8ª maior do Brasil em termos populacionais, em um ranking liderado pelo município de São Paulo (11.451.245).

Segundo município mais populoso do Paraná, Londrina, cresceu 9,7% em 12 anos, chegando a 555.937 moradores. Maringá, com 409.657 pessoas, Ponta Grossa (358.367), Cascavel (348.051) e São José dos Pinhais (329.222) completam a lista das maiores localidades estaduais.

Outro destaque paranaense que ajuda a exemplificar o crescimento populacional é Fazenda Rio Grande, na Região Metropolitana de Curitiba, cuja população passou de 81,7 mil para 148,9 mil nos últimos 12 anos, o segundo maior aumento proporcional entre os municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes.

BRASIL

A população brasileira contabilizada pelo Censo Demográfico 2022 foi de 203,1 milhões, abaixo de dados prévios e estimativas do próprio IBGE, que é o responsável pela contagem dos habitantes.

Para analistas, uma combinação de fatores pode estar por trás da diferença. Um deles é a ausência de uma contagem populacional mais enxuta no meio da década passada, o que teria prejudicado o modelo de estimativas até 2021.

Dificuldades de coleta de dados vistas ao longo do recenseamento de 2022 e até efeitos da pandemia de Covid-19 não captados anteriormente também são apontados como possíveis fatores para a discrepância entre os dados.

Em 2021, a estimativa do IBGE indicava uma população de 213,3 milhões de habitantes no Brasil. Esse número é 10 milhões acima do contabilizado de fato pelo Censo de 2022 (203,1 milhões).

As estimativas feitas em anos sem recenseamento são atualizadas a partir do Censo mais recente. Para calibrá-las, especialistas recomendam uma contagem mais enxuta no meio de cada década. Essa contagem, porém, foi cancelada em 2015 por falta de verba.

"Se houvesse a contagem, você melhoraria as projeções", diz o demógrafo José Eustáquio Diniz Alves, pesquisador aposentado do IBGE.

Ele destaca que o dado de população trazido pelo Censo 2022 veio "abaixo do esperado" e também chama atenção para os possíveis reflexos causados pelos adiamentos da pesquisa.

O recenseamento estava previsto inicialmente para 2020, mas foi inviabilizado à época pelas restrições da pandemia. Em 2021, houve novo adiamento, desta vez em razão de corte orçamentário.

"O adiamento foi muito ruim, porque tivemos uma década com muitos problemas. Tivemos um novo Censo depois de 12 anos. Isso tudo ficou muito prejudicado", afirma Alves.

Para ele, ainda não existem elementos suficientes para confirmar os motivos de a população recenseada ter ficado abaixo do que era esperado. Segundo o especialista, é preciso aguardar os novos dados.

"O Censo está aí, não temos condições de fazer outro neste momento. Mas não podemos pegar a ferro e fogo cada número. É preciso analisar outras informações, como registros administrativos."

As diferenças também aparecem na comparação com uma prévia do Censo divulgada pelo IBGE em dezembro de 2022. Essa prévia indicava uma população de 207,8 milhões no Brasil no ano passado.