Uma operação deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) de Foz do Iguaçu (Oeste) e pela Corregedoria-Geral da Polícia Militar resultou na prisão de 17 policiais militares suspeitos de desviar produtos e equipamentos contrabandeados.

Ao menos 15 mandados de prisão preventiva e de suspensão do exercício das funções públicas, além de 23 de busca e apreensão, foram cumpridos na manhã desta quarta-feira (30). Dois PMs foram presos em flagrante. As investigações que resultaram na operação começaram em dezembro de 2019, quando um esquema criminoso semelhante, comandado por policiais, já havia sido desarticulado pelo Ministério Público.

Imagem ilustrativa da imagem Policiais Militares da região de Foz do Iguaçu são presos por desvio de carga contrabandeada
| Foto: iStock

De acordo com o MP, os policiais utilizavam-se dos cargos públicos para se apropriar indevidamente de cargas contrabandeadas do Paraguai. Em seguida, liberavam os contrabandistas. Enquanto em alguns casos a totalidade da carga era desviada pelo grupo, em outros, boletins de ocorrência eram registrados com informações falsas para não levantar suspeitas. O crime cometido nestes casos é o de prevaricação, que é quando um agente público deixa de notificar o cometimento de irregularidades.

Os mandados foram cumpridos em municípios do Oeste, como São Miguel do Iguaçu, Missal, Medianeira e Foz do Iguaçu, e em Cláudia, no Mato Grosso. Todos os investigados atuavam na 2ª Companhia de Polícia Militar de Medianeira, a 60 quilômetros de Foz do Iguaçu.

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Os alvos dos mandados de busca e apreensão eram armas da corporação, distintivos, coletes balísticos, documentos, celulares e quantias em dinheiro. Já o valor total dos produtos desviados não foi revelado pelo MP. No entanto, estima-se que um grande volume de carga contrabandeada tenha sido desviado.

Conforme explicou o coordenador do Gaeco de Foz do Iguaçu, o promotor Tiago Lisboa Mendonça, a investigação também conseguiu comprovar que os próprios policiais faziam a divisão dos produtos para posterior venda, o que ficou claro em ao menos um vídeo encontrado em um celular apreendido.

Em entrevista coletiva que contou com a presença do corregedor-geral da PM, o coronel Dorian Nunes Cavalheiro, o promotor ressaltou que a investigação contou com o apoio da corporação. “A presença dos oficiais aqui é muito representativa porque demonstra de forma categórica e contundente o apoio, sobretudo da Corregedoria da PM, à ação do Gaeco. Demonstra que a PM não compactua com desvios de alguns policiais militares que maculam a imagem da própria corporação”, avaliou.

Entre os crimes que estão sendo apurados estão organização criminosa, peculato, prevaricação e falsidade ideológica. Ainda de acordo com o Ministério Público, a investigação que resultou na expedição dos mandados judiciais é um desdobramento de outra operação, deflagrada em dezembro de 2019. Na época, dez policiais que atuavam em Santa Terezinha de Itaipu e três policiais civis estiveram na mira do Gaeco pela prática dos mesmo crimes.

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