Na semana em que Londrina registrou o maior número de mortes em 24 horas por culpa da Covid-19, um novo ato em "defesa da liberdade" e contrário às medidas restritivas está sendo programado na cidade. Em um vídeo divulgado nas redes sociais, o pastor Osni Ferreira, líder religioso de Londrina, convoca a população para repetir a manifestação realizada no último domingo, na rotatória da avenida Higienópolis, em frente ao Colégio Vicente Rijo. A FOLHA entrou em contato com o reverendo em seu celular, mas sem sucesso até o momento. Conforme apurou a reportagem, a CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização) não foi comunicada sobre o ato.

Na semana passada, o prefeito Marcelo Belinati (PP) disparou duras críticas endereçadas às pessoas que ainda promovem aglomerações. Já na tarde desta sexta-feira, reafirmou o caráter ilegal da manifestação. "Esta ação não tem autorização da Prefeitura e ela é proibida pelo decreto Estadual 7122, que prorrogou os efeitos do decreto 7020", esclareceu.

Em vigor até o dia 1ª de abril em todo o Paraná, o decreto estadual publicado pelo governador Ratinho Junior (PSD) permite, por exemplo, que templos religiosos recebam até 15% da capacidade de fiéis. No entanto, proíbe que atividades com aglomerações, como cinemas, museus, festas, reuniões, confraternizações familiares, shows e eventos, sejam realizadas.

Osni Ferreira esteve presente na manifestação contrária às medidas restritivas e contrária ao STF (Supremo Tribunal Federal) realizada no último domingo. Em um carro de som, conclamou a população para "parar Brasília (DF)", definiu. Enquanto discursava, Ferreira disse que já havia participado de eventos como aquele diversas vezes, tendo até aplicado recursos próprios para viabilizar o aluguel de veículos de som. Também defendeu o tratamento precoce contra a Covid-19, realizado por uma universidade particular de Londrina. “Já temos a hidroxicloroquina, já temos o remédio e eles estão pegando esse mal que existe e aprisionando o povo brasileiro. Nós estamos com nossas cabeças baixas, mãos amarradas, e agora é hora de construirmos um grande movimento começando em Londrina e parar Brasília uma semana, um mês, se for necessário", disse.

Em resposta aos questionamentos da reportagem, Ferreira enviou o contato de um dos organizadores da manifestação. Porém, o organizador não atendeu às ligações.

De acordo com o último boletim da Secretaria Municipal de Saúde, Londrina possui 662 casos ativos da doença. A taxa de ocupação das UTIs (Unidade de Terapia Intensiva) adultas era de 86% nesta quinta-feira (19) e 97% era a registrada nas UTIs exclusivas para o tratamento da Covid-19 na rede pública de saúde.