A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) vetou, na segunda-feira (26), a importação da vacina russa Sputnik V para o Brasil. A decisão foi tomada em reunião extraordinária que durou mais de quatro horas, em que técnicos e diretores do órgão questionaram os riscos à saúde e a ausência de documentos que comprovam a eficácia do imunizante. O presidente da AMP (Associação Médica do Paraná), Nerlan Carvalho, afirmou que a decisão foi tomada porque não cumpre os protocolos estabelecidos.

Imagem ilustrativa da imagem Para AMP, veto à vacina Sputnik foi baseado em critérios técnicos
| Foto: Juan Mabromata/AFP

"Acredito que se a vacina não cumpre o que a lei determina, e não envia documentações de todas as etapas de comprovação da eficácia e segurança dela, logicamente não pode aprovar. Seria imprudente se isso acontecesse", declarou Carvalho.

Questionado sobre o fato de outros países como a Argentina já estarem usando a vacina, ele devolveu a pergunta. "Qual o parâmetro da Argentina? Ela possui protocolos e parâmetros rígidos ou são mais complacentes? Isso não é nosso problema", apontou.

Carvalho ressaltou que os critérios para aprovação de uma nova vacina para seu uso no país devem ser técnicos. "Já temos vacinas aprovadas em caráter emergencial. Mesmo essas duas vacinas que estão sendo utilizadas no país não possuem estudos consolidados. Por quanto tempo ela oferece imunidade? Três meses, seis meses ou um ano? Ainda não temos esse dado com qualidade. A meu ver é um pouco cedo para avaliar essa efetividade", apontou.

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| Foto: Divulgação/Centro Nacional de Pesquisa Gamaleya

Ele relembrou que 114 vacinas começaram a ser desenvolvidas quando surgiu a pandemia e desse total apenas 13 chegaram à fase final de testes. "Claro que o interesse é que se ofereça vacina de todos os tipos e necessidades, mas o tempo para o desenvolvimento delas ainda é pouco. Surgiram outras variantes, assim como a gripe possui outras variantes, como a H1N1, a H5N5. Acredito que tal qual ocorre com a gripe, a necessidade de imunização contra a Covid-19 se tornará permanente", afirmou.

Questionado se esse veto pode causar um atraso vacinação, Carvalho afirmou que desconhece a estatística em relação a isso. "Mas o programa de vacinação do Ministério da Saúde afirmou que em maio serão aplicadas 8 milhões de doses por semana no país. Israel tem 9 milhões de habitantes, então é como se toda Israel fosse vacinada em uma semana. Nosso país possui outra realidade de estrutura de logística e é preciso pensar em tudo isso", afirmou.

Incitado para traçar um panorama do Paraná nessa questão da vacinação, ele afirmou que o Estado possui uma estrutura de vacinação muito boa. "Neste período de pandemia tivemos um recrudescimento da doença devido ao afrouxamento das medidas, mas é possível perceber, segundo os dados mais recentes, que os casos detectados e a curva de mortalidade têm caído. Já temos leitos disponíveis em várias macrorregiões", apontou.

Sobre o fato da doença ter feito mais vítimas jovens, afirmou que pode ter relação com a variante P1. "Com a vacinação de idosos, a imunidade desenvolvida atinge uma população maior de pessoas. Os idosos faleciam mais precocemente porque muitos possuíam comorbidades. O jovem fica mais tempo ocupando o leito hospitalar de UTI por não ter isso. Ele fica de três semanas a quatro semanas."

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