A fila por leitos exclusivos para o tratamento da Covid-19 na rede pública de saúde subiu para 730 pessoas em todo o Paraná. De acordo com o último balanço de solicitações por vagas, fechado no final da manhã desta quarta-feira (3), 429 pessoas aguardavam vagas em leitos clínicos e 301 em leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Diante do cenário dramático e que já registra a morte ocasionadas pela falta do atendimento devido à superlotação, gestores da saúde retomam alertas sobre a necessidade da prorrogação das medidas mais restritivas em todo o estado.

“Este número tem crescido todos os dias desde a semana passada”, alertou em entrevista à FOLHA o gestor da Sesa (Secretaria Estadual de Saúde), Vinicius Filipak.

Imagem ilustrativa da imagem Número de pessoas que aguardam leitos sobe para 730 em todo o Paraná
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Por enquanto, o decreto estadual do governador Ratinho Junior (PSD) está em vigor até o dia 8 de março. Questionado, Filipak avaliou que apenas a queda na contaminação poderia evitar uma renovação das medidas, o que ainda não tem ocorrido. “É óbvio que, se este número não reduzir, não teremos outra alternativa senão renovar as medidas restritivas, infelizmente. Desagradável para a população, mas mais desagradável que isso é ver entes queridos nossos indo à óbito por conta da menor assistência do que seria desejável”, lamentou.

Em Londrina, a média de pessoas diagnosticadas com Covid-19 aguardando leitos gira em torno de 50. Conforme a diretoria do HU (Hospital Universitário) da UEL (Universidade Estadual de Londrina), a instituição vive o “pior” momento da pandemia em relação à ocupação dos seus leitos, o que motivou a Secretaria Municipal de Saúde a intensificar a busca por leitos em outras instituições públicas e privadas por meio de convênios. Entretanto, anda assim, um pedido para aumentar a capacidade de atendimento no HU foi feito à Sesa.

Questionado, Filipak avaliou que o maior desafio não é "espaço físico", mas, sim, a constituição de equipes hospitalares uma vez que o estado já aumentou a sua capacidade e os profissionais de saúde estão trabalhando há um ano “sem parar”, definiu.

“É óbvio que tudo isso causa uma dificuldade para todas as pessoas envolvidas e faz um ano que os profissionais trabalham sem parar, sem descanso, sem um dia de férias, de folga. Seres humanos não são máquinas, então não como substituí-los. É necessário que dar o tempo necessário para as pessoas se recomporem porque esse cansaço agravado vai piorar as condições de assistência que eles podem prestar”, avaliou.

Diante desta situação, instituições que não eram tratadas como referência para a Covid-19, casos dos hospitais Zona Sul (Hospital Eulalino Ignácio de Andrade) e Zona Norte (Hospital Dr. Anísio Figueiredo), poderão ganhar representar uma esperança na estratégia pela busca por novos leitos. Atualmente, os 50 leitos Covid-19 criados nestas duas instituições também já estão lotados. “Assim que conseguirmos reunir equipamentos, redirecioná-los, ajustar equipes, temos feito isso e hospitais que, aparentemente, não tinham condição, podemos tentar reunir essa condição e ampliar", avaliou.

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