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Geral 5m de leitura

“Não posso sair sem a minha mãe entrar em pânico”, lamenta jovem atacada no aterro

Filha única, jovem de 18 anos vítima de ataque enquanto corria na rua Bento Munhoz da Rocha Neto quer encorajar denúncias de casos de assédio

ATUALIZAÇÃO
04 de novembro de 2021

Vitor Struck - Grupo Folha
AUTOR

A vida da estudante Maria Julia Queiroz, 18, atacada na região do aterro do Lago Igapó enquanto praticava uma das suas atividades de lazer favoritas, deverá demorar para ter a mesma qualidade. Desde que foi surpreendida por um homem desconhecido e que também parecia utilizar roupas de corrida, na manhã deste domingo (31), a ansiedade tem batido à sua porta com maior frequência e o medo acabou por influenciar toda a rotina da família. “Muda o contexto da minha vida. Não posso mais sair de casa sem a minha mãe entrar em pânico. Ir estudar, trabalhar, mudou a perspectiva da minha família", lamentou à FOLHA. A reportagem entrou em contato com a Guarda Municipal e a Delegacia da Mulher, que ainda não divulgou como estão os primeiros passos do inquérito aberto para identificar o agressor. 

Ataque ocorreu na pista de caminhada da rua Bento Munhoz da Rocha Neto, na esquina com a Jerusalém
 

“Não quero uma vingança, mas justiça. Eu posso não ter sido a primeira (vítima) e nem a última. Diversas mulheres passam por isso em silêncio. Eu corria no lago, era algo que gostava, um direito como cidadã e que foi retirado”, lamentou Queiroz, que seguia pela pista de caminhada da rua Bento Munhoz da Rocha Neto, na esquina com a rua Jerusalém, quando foi surpreendida por trás, com poucas chances para reagir e até ver o rosto do seu agressor.   

Ela contou que teve a boca fechada pelo homem e chegou a cair no chão, o que lhe rendeu escoriações nos braços e na perna. Em seu relato, feito às forças de segurança no mesmo dia e em sua casa, também descreveu o agressor como um homem alto, forte, negro e de meia idade, e que acredita que tinha intenção de empurrá-la em direção à mata.   

Para a jovem, a tentativa de estupro só não foi consumada porque o homem desistiu ao perceber a presença de uma ambulância. “Foi a minha sorte porque se ele tivesse me jogado para o mato... (..) Eu gritei bem alto, mas não tinha ninguém na rua. Então não iria adiantar de nada. Ele me surpreendeu e provavelmente viu a ambulância antes de mim", explicou. 

Assustada e com escoriações pelo corpo, a jovem foi socorrida pelos profissionais que estavam na ambulância que pertence a um plano de saúde privado, e que a levaram para casa.   

De acordo com ela, a esperança na identificação do homem está no registro feito por uma câmera da Guarda Municipal. Ela acredita que as imagens possam mostrar o momento em que ela passava pela via e é seguida pelo homem. No entanto, ainda não foi chamada para analisar o conteúdo, o que deve acontecer no decurso do inquérito conduzido pela Polícia Civil.

Leia Mais: A denúncia como arma contra a importunação sexual 

A reportagem solicitou entrevistas para a Guarda Municipal e para a Delegacia da Mulher de Londrina, porém não foi atendida até o fechamento desta edição. 

Nos últimos meses, a Região Metropolitana de Londrina vem registrando diversos casos de importunação sexual, no transporte coletivo e até em ruas ou parques pouco movimentados. Um destes rendeu a prisão de um homem de 22 anos pela delegacia de Ibiporã. O suspeito foi flagrado apalpando as partes íntimas e levando saias de mulheres enquanto passava de moto. Ao todo, 11 vítimas reconheceram o agressor, que chegou a ficar preso, mas obteve o direito de aguardar o julgamento em liberdade e é monitorado por uma tornozeleira eletrônica. 

Maria Júlia Queiroz disse acreditar que o seu relato possa encorajar outras vítimas. "Diversas mulheres passam por isso em silêncio e eu quero que possam cobrar por justiça. O que ele fez foi muito grave. Atentou contra a minha vida, meu direito de ir e vir. Tive muito apoio e ver que outras meninas estão se identificando me fortalece e fortalece a todas”, avaliou.  

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