A 12ª Promotoria de Justiça de Cascavel (Oeste) vai incluir em suas investigações sobre a conduta de instrutores do cursinho preparatório para concursos AlfaCon novas imagens em que um dos professores supostamente incitaria o crime de necrofilia, ao descrever como supostamente violar sexualmente mulheres mortas sob a tutela de oficiais da criminalística. As imagens, datadas de anos atrás, viralizaram nas redes sociais no início desta semana e foram repercutidas em noticiários nacionais.

No vídeo, o instrutor Evandro Guedes sugere a prática de necrofilia por parte de peritos, algo que, segundo o vídeo, “vale a pena” porque “a pena é pequenininha”, proprondo ainda o modo de agir do possível abusador. As falas foram proferidas durante uma aula transmitida pelo Youtube em 2019, mas tomaram as redes sociais e a imprensa nacional no início da semana. De acordo com a assessoria de imprensa do cursinho, o vídeo foi retirado do ar “para que nenhuma pessoa mais faça mau uso do conteúdo e em respeito a todos que possam se sentir ofendidos com a colocação“.

Fundador da AlfaCon, Guedes tem uma grande rede de seguidores nas redes sociais. Tinha milhares de seguidores no Instagram, onde fazia postagens de autoajuda e ostentação – a conta, ainda aberta até a terça-feira (5), estava inacessível na tarde desta quinta (7) – e é exaltado em outras comunidades, como a “Fa (sic) Clube Evandro Guedes Of”, com mais de 41 mil seguidores.

O vídeo provocou indignação de internautas. Ao compartilhar o trecho, o deputado federal Matheus Laiola (União-PR) disse que encaminharia ofícios sobre o caso à Polícia Civil e ao MP (Ministério Público). A Polícia Civil informou, na terça, que ainda não havia sido oficiada.

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Já o MP citou, na noite de quarta-feira (6), o inquérito contra a Jafar Sistema de Ensino e Cursos Livres S/A, nome fantasia AlfaCon Concursos Públicos, sediada em Cascavel. Aberto ainda em 2022, o processo investigativo “tem por objetivo apurar as notícias veiculadas na imprensa nacional e em rede social, notadamente sobre as condutas de professores da instituição em cujas falas, feitas durante aulas ministradas pela instituição, há manifesta violação de direitos, preconceito, reiterado discurso de ódio e incitação à prática de crimes”.

A nota enviada pelo MP diz que “o vídeo reproduzido em rede social em 4 de dezembro (com exemplo em aula, ministrada em data bem anterior, de suposta violação sexual de mulher morta) chegou ao conhecimento da 12ª Promotoria de Justiça no dia 5 de dezembro e será inserido no inquérito civil já em tramitação”.

O MP diz ainda que foi marcada uma reunião com os sócios da empresa para janeiro de 2024 para a assinatura de um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) para estabelecer o treinamento periódico dos professores da empresa. Além disso, “em razão do dano moral coletivo causado em virtude dos episódios de discriminação e intolerância praticados no âmbito da pessoa jurídica e pessoas naturais investigadas, a destinação de valor para custear e fomentar a realização de campanhas educativas de combate à discriminação e intolerância e/ou projetos sociais com o mesmo foco”.

Por meio da assessoria de imprensa, a AlfaCon disse, na terça-feira, que, “como empresa que respeita o ser humano acima de qualquer coisa, entende a indignação demonstrada nas redes sociais, pois o vídeo foi editado de forma a parecer que o professor em questão era praticante do crime. O que não é verdade”.

De acordo com a assessoria, “o vídeo na íntegra deixa claro que se trata apenas de um exemplo fictício e caricato para ilustrar uma situação do direito penal”.

“O vídeo é antigo, uma aula ao vivo do YouTube que foi retirada do ar para que nenhuma pessoa mais faça mau uso do conteúdo e em respeito a todos que possam se sentir ofendidos com a colocação”, cita a nota, que prossegue: “Ao longo dos nossos 13 anos de existência, mantemos uma firme convicção no poder transformador da educação como impulsionadora da mudança social e da estabilidade financeira.”