“Esta casa não existe mais. Foi roubada! Isto é um ultraje para Londrina. Autoridades constituídas, isto já passou dos limites. Exigimos providências hoje!!!” Estes são os dizeres de uma faixa que foi fixada em frente a um local em que havia uma edificação de madeira, uma residência que estava desocupada há aproximadamente dois meses e que estava para alugar. O imóvel ficava na rua Augusto Severo, perto do Aeroporto de Londrina (zona leste).

O bando desmanchou a casa de madeira que havia por lá e levou todo o madeiramento, que era de peroba-rosa, considerada nobre. No local, o cenário é desolador. O terreno está praticamente todo limpo, com exceção de algumas ruínas da parte de alvenaria. É difícil imaginar que ali havia uma casa que até pouco tempo atrás abrigava uma família que criava cachorros.

Quem informou sobre o furto foi o imobiliarista Otávio Scandelae, responsável pela administração do imóvel, que enviou uma foto ao lado da faixa à coluna de Oswaldo Militão (https://www.folhadelondrina.com.br/colunistas/oswaldo-militao). Na foto enviada, ele está em frente ao local, com a faixa que reivindica às autoridades locais mais segurança e os dizeres também constituem um desabafo contra ações semelhantes.

O furto ocorreu durante o dia. De acordo com Márcio Leandro da Silva, 44, proprietário de um lava rápido que fica em frente ao local, os bandidos levaram o dia inteiro para levar tudo. “Como aqui é um lugar com mais empresas, poucas pessoas viram eles atuando. A gente viu o pessoal desmontando e foi muito rápido. Eles começaram entre 8h30 e 9 horas da manhã e terminaram por volta das 16 horas. Vieram sem maquinário, só com o caminhão e 3 ou 4 pessoas.”

Silva viu as pessoas desmontando a casa, mas não podia imaginar que fosse furto de madeira. “Como não tinha pessoa alguma morando na casa há dois meses, achei que o dono tinha vendido o imóvel. Eles levaram só madeira boa e ficou só o lixo.”, destacou.

“Os bandidos fizeram duas viagens. O motorista ficou disfarçando. O 'cara' é tão sem vergonha, que ficou passando ar no veículo para ficar limpando. Não dava para desconfiar que era ladrão. Enquanto isso, os outros foram desmontando a casa inteira”, relatou.

O  imobiliarista Otávio Scandelae, responsável pela administração do imóvel, demonstrou sua indignação por meio de uma faixa de protesto
O imobiliarista Otávio Scandelae, responsável pela administração do imóvel, demonstrou sua indignação por meio de uma faixa de protesto | Foto: Divulgação/Otávio Scandelae

Silmara Crigas, secretária de um consultório odontológico, também viu a ação, sem desconfiar que eram bandidos furtando a madeira. “Eles vieram com o caminhão como se fossem os responsáveis pelo imóvel e pelos materiais. Fizeram a limpa.”

Ela relatou que os demolidores do imóvel atuaram de maneira tão natural que sequer desconfiou que aquela movimentação fosse criminosa. “Imaginei que o dono havia mandado retirar o material. Depois que a gente ficou sabendo que não era nada disso. Eu não me lembro qual era o modelo do caminhão, mas sei que era grande, porque encobriu a nossa visão do local.”

Segundo ela, a ação foi durante o dia, porque o consultório não funciona nos fins de semana, no fim de agosto. “Eram vários homens trabalhando. É de admirar a audácia deles. Não sei se eles já fizeram isso em outros lugares e não deu nada.”

A assessoria da Polícia Civil afirmou que não são registrados muitos casos como esse e que o sistema deles não tem parâmetro de busca que poderia confirmar dados de quantas casas de madeira foram furtadas.

Em um site de compra e venda de produtos, as tábuas de peroba- rosa, com pátina, são comercializadas a R$ 210 o metro quadrado. O valor estimado para construir uma casa de madeira de lei possui uma média de R$ 1.350 a R$ 1.450 o metro quadrado.

É difícil imaginar que ali havia uma casa que até pouco tempo atrás abrigava uma família que criava cachorros
É difícil imaginar que ali havia uma casa que até pouco tempo atrás abrigava uma família que criava cachorros | Foto: Reprodução

A reportagem da FOLHA procurou o Creci (Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Paraná ) para comentar o episódio, mas não obteve retorno. Vários casos semelhantes foram registrados nos últimos anos na Região Metropolitana de Londrina, mas esse tipo de furto geralmente era focado em imóveis nas áreas rurais.

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