O Ministério Público pediu que a Justiça não conceda a prisão domiciliar para Marcelo Sakuma, delegado aposentado da Polícia Civil e que está detido preventivamente por suposto envolvimento na exploração do jogo do bicho em Arapongas. Ele e mais cinco pessoas, incluindo sua esposa e o ex-presidente da Câmara de Vereadores da cidade, Osvaldo Alves dos Santos, foram denunciados por organização criminosa, corrupção ativa e passiva, violação de sigilo funcional, obstrução de justiça e lavagem de ativos.

Imagem ilustrativa da imagem Ministério Público é contra prisão domiciliar para delegado aposentado acusado de explorar jogo do bicho
| Foto: Arquivo FOLHA

Preso desde o dia 16 de agosto no Complexo Médico Penal, em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, Sakuma é considerado líder do esquema dentro da 22ª Subdivisão Policial. Segundo as investigações, ele e policiais civis de sua confiança repassavam informações sigilosas ao grupo que comandava os jogos de azar. Em troca, recebiam "privilégios" dos criminosos.

A manifestação do Ministério Público é resultado de um pedido da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) para que Sakuma responda a acusação em casa. Convocada para prestar esclarecimentos sobre as condições em que o acusado se encontra no presídio, a direção do Completo Médico Penal disse em relatório que o delegado aposentado "está em um espaço higiênico e separada da massa carcerária comum, dividindo seu espaço, por opção própria, com outro delegado também lá preso".

Com base nessas informações, o promotor Leandro Antunes, do Gaeco de Londrina (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), pediu que a Justiça não atenda o desejo da OAB. Ele ressaltou que a unidade onde Sakuma está "foi a responsável por acolher com condições privilegiadas de higiene e salubridade dezenas de empresários e agentes públicos investigados na Operação Lava Jato".

Se a prisão domiciliar for decretada, Antunes observou que a proibição de Marcelo Sakuma manter contato com sua esposa, também denunciada na ação, perderia efeito. "Prejudicaria bastante o processo", afirmou o promotor. A decisão será dada pela juíza Raphaella Benetti da Cunha Rios, da 1ª Vara Criminal de Arapongas.

O esquema

A exploração dos jogos de azar é investigada pelo Gaeco desde 2019. No ano passado, época em que o ex-presidente da Câmara foi preso, os policiais começaram a analisar o conteúdo do celular de uma servidora do Legislativo que trabalhava na delegacia. O aparelho foi apreendido na mesma operação que conduziu o parlamentar à prisão.

A apuração avançou e o Gaeco descobriu que a funcionária pública era a intermediária entre Osvaldo Alves dos Santos e os agentes da Polícia Civil. Na denúncia, os promotores afirmam que o político era responsável por 257 pontos de jogo do bicho no município. A defesa de Santos informou que só irá se manifestar sobre o caso no processo.

O advogado Rafael Garcia Campos, que defende a servidora que trabalhava na delegacia, informou em nota que sua cliente "nega veementemente qualquer repasse ou solicitação de propina para o delegado. Está ocorrendo uma grande distorção em diálogos enviados por aplicativo de celular, que serão oportunamente esclarecido na instrução processual.”