O obstetra e ginecologista Frank Ogata morreu na manhã desta quinta-feira (10) em Londrina. Aos 90 anos, o médico teve morte natural ocasionada por problemas de saúde, segundo informações repassadas por familiares. Ogata nasceu em Paraguaçu Paulista (SP) e chegou a Londrina em 1962. Logo no início, atuou nos hospitais Evangélico e Santa Casa e realizou mais de três mil partos ao longo da carreira.

Frank Ogata (à dir.) recebe a condecoração Mérito "Ordem do Sol Nascente, Raios de Ouro e Prata"
Frank Ogata (à dir.) recebe a condecoração Mérito "Ordem do Sol Nascente, Raios de Ouro e Prata" | Foto: Saulo Ohara/Grupo Folha

Formado em medicina no Rio de Janeiro, Ogata recebeu, no ano passado, a condecoração Mérito "Ordem do Sol Nascente, Raios de Ouro e Prata", homenagem máxima concedida pelo governo do Japão. A vida profissional foi marcada por atendimentos voluntários como os da caravana organizada entre 1983 e 2006 que promoveu o acesso à saúde a mais de 440 mil pessoas.

“Ele deixou um grande legado. Exerceu a medicina desde um tempo em que era tudo muito precário e ajudou muita gente através do trabalho. Sempre esteve muito presente na comunidade japonesa. Foi presidente da Acel (Associação Cultural e Esportiva de Londrina), participou por mais de 20 anos da diretoria da Aliança Cultural Brasil-Japão e atuou como voluntário em uma associação de idosos na Vila Brasil. Sempre foi muito ligado à família e deixou um grande exemplo para todos”, afirmou o genro Silvio Muraguchi. Ogata teve quatro filhos e 11 netos.

O cônsul-geral do Japão para os Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, Hajime Kimura, lamentou a morte de Frank Ogata. "Ele trabalhou como médico e ajudou a comunidade japonesa e os não descendentes também. Antes havia o programa de assistência médica para a colônia japonesa organizado pela Agência Jica, do Japão. Na época, médicos, enfermeiros e assistentes formaram equipes e visitaram comunidades. Ele dirigiu essa equipe, sacrificou finais de semana para visitar as cidades. Visitou 35 municípios com comunidade japonesa e outras 346 cidades", ressaltou.

"Eu entreguei a condecoração a ele no ano passado e ainda bem que pude entregar. Ele contribuiu muito para o fortalecimento da aliança entre Brasil-Japão. Além das atividades médicas, ajudou na área cultural. Foi presidente da Acel, promoveu o judô, o beisebol, a música folclórica japonesa e a dança. Foi muito importante na preservação e divulgação da cultura japonesa", acrescentou Kimura.

O infectologista Ian Stegman fez o discurso de homenagem no evento da condecoração concedida pelo governo japonês a Ogata. “Um exemplo de médico em relação a ética e benevolência em atender sempre os mais necessitados. Sem sombra de dúvida, é uma grande perda. Ele sempre exerceu a medicina pensando no próximo e deixou um legado de altruísmo e amor ao próximo”, enfatiza.

Ogata foi membro da AML (Associação Médica de Londrina) desde 1963. Beatriz Tamura, presidente da associação, pontua que, no decorrer deste tempo, ele sempre esteve muito presente. “No mês passado, tivemos o encontro dos aniversariantes do mês e ele esteve presente conosco, mesmo com apoio da cadeira de rodas”, recorda. Como histórico, Tamura menciona as caravanas realizadas para apoio às comunidades nipônicas no interior do Paraná. “Ele organizava equipes de médicos para atendimento itinerante. Foi muito inovador e incentivador desses atendimentos sociais”, afirma.

O médico também foi um dos 13 profissionais a receber a Medalha de São Lucas, premiação concedida pelo Conselho Regional de Medicina, criada em 2003. De acordo com Tamura, ele foi homenageado em 2011 pela atuação social de grande repercussão e impacto. “Ele foi um símbolo, um, médico referência, então é muito triste perder médicos que foram nossas inspirações. Ele deixou um legado belíssimo, tanto no coração desses imigrantes, dos descendentes, como para nós, médicos, pela sua referência, seu exemplo, ética, pensamento social e atendimento para a comunidade. Lamentamos muito a perda de uma grande referência para Londrina e todo o Paraná”, acrescenta.

O velório será realizado na capela 1 da Acesf a partir das 14 horas. O sepultamento está marcado para às 17 horas no Cemitério São Pedro, região central. (Com Lais Taine)

(Matéria atualizada às 16h06)