O médico ortopedista de Londrina denunciado pelo Ministério Público por homicídio culposo (quando não há intenção de matar) por suposta negligência no atendimento a um garoto de 12 anos diagnosticado com Covid-19 ficou quase seis meses proibido de exercer a função pelo Conselho Regional de Medicina no ano passado, mas conseguiu reverter a decisão e está trabalhando normalmente.

Imagem ilustrativa da imagem Médico denunciado por atender criança com Covid já tinha sido proibido de trabalhar
| Foto: Isaac Fonatana/FramePhoto/Folhapress

O profissional entrou com recurso na instância superior do órgão, o Conselho Federal de Medicina. Por maioria dos votos, sagrou-se vitorioso e obteve a autorização. A posição dos conselheiros federais foi comunicada no dia 11 de novembro ao presidente do CRM no Paraná, Roberto Issamu Yosida.

As informações foram confirmadas à FOLHA pela advogada Renata Fernandes, que defende o médico no processo criminal. Procurada para comentar a denúncia, ela disse que, como não foi intimada, não poderia se manifestar. Por enquanto, a Justiça ainda não decidiu se vai aceitar as acusações.

O CASO

O garoto que morreu em junho do ano passado por complicações da Covid-19 tinha várias comorbidades, como foi confirmado pela Secretaria Municipal de Saúde na época. Obtida pela FOLHA, a denúncia do MP narra que o médico prescrevia as receitas pelo WhatsApp e nunca atendeu a criança presencialmente.

"A saturação dele (menino) ficava abaixo de 90%, o que já era preocupante, e mesmo assim o profissional não internava o paciente. Ele receitou remédios do chamado tratamento precoce que não têm eficácia comprovada contra a Covid-19", contou o advogado que representa a família da criança, Marcos Prochet.

Além do homicídio culposo, o Ministério Público quer que o médico seja condenado por omissão de notificação de doença, exercício ilegal da medicina e outros crimes.

MORTE

Uma adolescente de 16 anos faleceu ontem vítima de Covid-19, conforme boletim divulgado pelo Núcleo de Comunicação da Prefeitura. Ela estava internada em hospital filantrópico desde 22 de fevereiro, quando testou positivo para a doença. Segundo o município a paciente tinha comorbidades.