Pouco mais de dois meses após registrar a primeira morte por Covid-19, Londrina ultrapassou a triste marca de 50 óbitos causados pela doença. Se os números absolutos assustam, o índice de letalidade do coronavírus na cidade também preocupa. A quantidade de mortes em Londrina em relação ao número de casos confirmados é maior, inclusive, que a média registrada no Brasil.

.
. | Foto: Sérgio Ranalli/Grupo Folha

Segundo os números divulgados nesta sexta-feira (19) pela Sesa (Secretaria do Estado da Saúde), Londrina registrou 1.026 pessoas infectadas e 56 mortes, o equivale a uma taxa de letalidade de 5,4%. No Paraná o índice é de 3,2% e no Brasil, de 4,9%. A taxa de letalidade é calculada pela divisão do número de óbitos registrados pelo número de casos confirmados. O resultado é multiplicado por 100.

LEIA TAMBÉM:

Casos de síndrome respiratória disparam no Paraná

Brasil tem mais de 1 milhão de casos confirmados de Covid-19

A taxa de letalidade entre os londrinenses também é maior na comparação com as outras quatro cidades mais populosas do Estado. Em Curitiba foram confirmados 2.253 casos de Covid-19 e 98 mortes, o que resulta em uma taxa de letalidade de 4,6%. Em Maringá são 673 confirmações e 11 mortes (1,6%). Em Ponta Grossa são 187 casos de Covid-19 e uma morte (0,6%). Já Cascavel acumula 1.327 casos e 25 óbitos (1,8%).

“Precisaríamos de mais estudos para identificar [em Londrina] por que essa taxa alta de letalidade, se a população é mais idosa, se os testes foram realizados em pessoas que tinham Síndrome Respiratória Aguda Grave, se tem influência pela proximidade com São Paulo, como está a circulação das pessoas e como anda o distanciamento social, por exemplo. No momento em que ainda não há vacina e medicação específica, usar máscara, adotar as medidas de etiqueta respiratória e fazer a higienização das mãos passa a ser um compromisso de cidadania”, afirmou a coordenadora da Vigilância Epidemiológica da Sesa, Acácia Nasr.

Para o infectologista Arilson Morimoto é preciso levar em conta também a idade das vítimas fatais e o histórico de outros problemas de saúde que acompanham esses pacientes. “A média de mortes em pacientes acima de 80 anos é de quase 15%. No geral, a mortalidade por Covid se situa entre 2,5% e 8% e neste quadro estamos dentro da média e daquilo que era esperado acontecer”, ponderou.

Londrina possui pouco mais de 53 mil idosos acima de 65 anos, faixa etária com mais óbitos por Covid-19 no Brasil. A média de idade dos pacientes que morreram com a doença no Paraná está em torno de 67 anos. Em Londrina, essa média é de 70 anos, conforme a Sesa.

A infectologista Jaqueline Dario Capobiango, do Núcleo de Epidemiologia do HU (Hospital Universitário) de Londrina, ressaltou que há dificuldades em muitos lugares para o diagnóstico preciso em razão da falta de exames para a repetição dos testes e isso pode levar a uma subnotificação dos casos. “Em Londrina nós temos a condição de fazer mais testes e isso é uma vantagem porque se consegue chegar a causa real do problema”, frisou.

Para o prefeito Marcelo Belinati, a taxa de letalidade não reflete a realidade dos municípios, já que há casos subnotificados da doença em todo o País. O prefeito reafirmou que Londrina é a cidade do Paraná que mais realiza testes para identificar Covid-19, inclusive em pacientes com sintomas leves da doença. No entanto, ainda assim há uma subnotificação porque os exames não são aplicados em pessoas assintomáticas, por exemplo.

De acordo com o prefeito, a taxa de positividade ou de confirmações da doença por meio de exames realizados no município está em torno de 15%, índice abaixo das taxas obtidas em Cascavel (75%), em Curitiba (39%) e Maringá (35%). "Com isso dá para se ter uma ideia de como está a disseminação, a circulação da doença na cidade", argumentou.

"Já fizemos até quatro testes de Covid em uma paciente que faleceu, por exemplo, para ter certeza do diagnóstico. Em outras cidades, quando o primeiro exame dá negativo, já classificam como Síndrome Respiratória Aguda Grave ou pneumonia. Mas quando você insiste no diagnóstico, você faz o necessário e adequado bloqueio da doença com isolamento dos familiares e monitoramento das pessoas que tiveram contato com a pessoa infectada para diminuir a propagação", completou.