O juiz da 4ª Vara Criminal de Londrina, Luiz Valério dos Santos, condenou na noite desta segunda-feira (29) Valdir Mariano da Silva, o "Avatar", 36, a 25 anos e seis meses em regime fechado pelo latrocínio (roubo seguido de morte) do cabeleireiro Sandro José da Silva, ou Sandro Tagliari, como era conhecido pelos amigos. O crime aconteceu na madrugada de 26 de junho de 2017. Segundo a Polícia Civil, a vítima saiu de um bar na avenida Bandeirantes e se encontrou perto da Catedral Metropolitana com Roge de Souza Silva, 29, também condenado pela Justiça.

Imagem ilustrativa da imagem Justiça condena segundo envolvido na morte de cabeleireiro em Londrina
| Foto: Arquivo FOLHA


Silva e Mariano estavam no mesmo carro. Depois do encontro com o cabeleireiro, conforme as investigações apontaram, os três foram até um motel na avenida Nassim Jabur, no jardim Paulista, região norte. Lá, o assalto teria sido anunciado. Sandro não conseguiu reagir e começou a ser espancado. Desacordado e bastante machucado, ele foi colocado no banco traseiro de seu próprio veículo, um Punto, e levado até uma estrada rural que liga o conjunto Vivi Xavier até o distrito da Warta.

O corpo do cabeleireiro foi abandonado em uma plantação de milho e só encontrado no dia seguinte por pessoas que passavam pela estrada rural. A polícia apurou que o carro de Sandro foi vendido por Roge a um autônomo, denunciado pelo Ministério Público por receptação. O automóvel foi localizado por policiais militares em Iporã, no Noroeste do Paraná.

Assim que a notícia do assassinato foi divulgada, Valdir Mariano fugiu. Ficou escondido dos investigadores da 10ª SDP por 10 meses. Em março deste ano, após uma denúncia anônima, acabou preso na praça ao lado do Terminal Rodoviário. Durante interrogatório na delegacia, ele negou qualquer participação e jogou a responsabilidade da morte em Roge. "Ele mentiu para mim falando que iríamos usar uma droga no motel. Eu fui com ele até esse motel usar droga, ele mentiu para mim. Chegando nesse motel, quando entrei já me deparei com o rapaz caído no chão. Ele não me falou se o rapaz estava morto ou não, só pediu para eu ajudar a colocar dentro do carro o rapaz. No desespero, falei que não iria ajudar, mas ele me ameaçou. Foi a hora em que entrei em desespero e o ajudei a colocar dentro do carro".

O agora condenado informou que "estava normal. Não reparei se ele (Sandro) estava machucado. Eu vi que o quarto estava molhado. Não vi fezes ou sangue. Na hora eu não vi ele pegando lençol, não tinha isso quando o colocamos no carro. Eu não conhecia a vítima. Não me lembro de ter ficado próximo à praça da Catedral". Também interrogado pela polícia, Roge Silva ofereceu outra versão. "Eu não participei de nada, minha participação foi de vender o carro. Esse foi o meu erro", confessou.

Para o juiz, as declarações de funcionários do motel reforçam que Valdir entrou no estabelecimento com Sandro e Roge. A defesa de "Avatar" informou que o réu, pressionado por possíveis ameaças, colocou o corpo da vítima no veículo, mas não a teria matado. O magistrado desconsiderou o argumento ao escrever na sentença que "não é crível que a violência tenha sido exercida apenas por um dos acusados". Luiz Valério dos Santos ainda acrescentou que "a frieza também é fato a ser ressaltado, pois o cadáver foi abandonado em uma área rural, totalmente nu, sendo, na sequência, repassado o veículo para terceira pessoa. Desse modo, não resta qualquer dúvida quanto à autoria do roubo".

A advogada Alana Ribeiro de Amorim Pereira, que defende Valdir Mariano, ainda analisa se irá recorrer da decisão.